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DEM ENCOMENDA PESQUISA PARA ENTENDER CABEÇA DO ELEITOR

Redação - 14/12/2019 09:25

Uma ampla pesquisa para saber o que o eleitor pensa do País, com suas expectativas, queixas, hábitos, costumes e preferências partidárias, está em andamento desde o mês passado e só deve sair do forno depois do Carnaval. A radiografia que servirá de bússola para indicar o rumo político, porém, não foi encomendada pelo governo de Jair Bolsonaro, mas, sim, por um partido de centro-direita: o DEM.

A dez meses das eleições municipais e a mais de dois anos da sucessão presidencial, a sigla capitaneada por ACM Neto, prefeito de Salvador, já se prepara para os próximos embates com uma série de levantamentos periódicos. Além disso, as negociações para a fusão do DEM com o que sobrou do PSL, antigo partido do presidente, estão mais avançadas do que dizem os dirigentes dos dois partidos. As conversas começaram antes mesmo de Bolsonaro deixar o PSL, como você pode ler aqui.

O casamento não é simples e enfrenta resistências regionais dos dois lados, mas, mesmo assim, tem chance de ser sacramentado.A ideia é desbancar o novo partido de Bolsonaro, Aliança pelo Brasil, em fase de construção. Nos bastidores, muitos avaliam que, com o apoio de evangélicos e de empresários, o “Aliança” tem potencial para provocar uma debandada nas fileiras de outras legendas e reeleger o presidente, em 2022, desde que o desemprego caia e a economia dê sinais consistentes de recuperação. Diante de um cenário polarizado entre Bolsonaro de um lado e o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de outro, o chamado “centro liberal” se reúne com frequência e avalia pesquisas detalhadas para descobrir quem pode representar a “terceira” via nessa disputa. Mas o horizonte ainda aparece com nuvens carregadas.

O DEM controla três ministérios (Casa Civil, Saúde e Agricultura), comanda a Câmara dos Deputados com Rodrigo Maia e o Senado com Davi Alcolumbre, além de ter o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia. Mesmo assim, não quer se unir a Bolsonaro na campanha de 2022. Na outra ponta, está numa sinuca de bico para encontrar uma alternativa a João Doria (PSDB), o governador paulista que sonha com a cadeira do Palácio do Planalto.

A portas fechadas, dirigentes do DEM dizem que Doria erra ao adotar uma estratégia para atrair o eleitor de Bolsonaro. Um deles resumiu a situação da seguinte forma: “Entre o genérico e o original, quem você acha que vão escolher?”. Atrás do voto do eleitor mais pobre e convencidos de que ideologia não funciona como cimento social, os partidos com perfil conservador investem cada vez mais no Nordeste, onde Lula ainda é forte, apesar de estar inelegível. Mas continuam desnorteados e sem um líder. Foi para arrumar o PDT no Ceará e atacar o bolsonarismo que o senador Cid Gomes pediu uma licença de quatro meses, com menos de um ano de mandato. “Vou carregar pedra”, disse ele, que em 2018 coordenou a derrotada campanha do irmão Ciro Gomes à Presidência. Desafeto do PT, Ciro promete entrar de novo no páreo, mas não se sabe com quais apoios.

No ano passado, o Centrão quase avalizou sua campanha, mas desistiu e apoiou o tucano Geraldo Alckmin, que acabou em quarto lugar na corrida, o pior desempenho da história do PSDB. À época, dirigentes do DEM disseram que a candidatura de Ciro descia “quadrado”. Até agora, no entanto, não encontraram ninguém que desça “redondo”. Nem mesmo o apresentador de TV Luciano Huck, que, por sinal, ainda não decidiu se entrará nessa briga, apesar das cobranças do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Bem longe desse grupo, o ministro da Justiça, Sérgio Moro – mais popular que o próprio Bolsonaro – continua assediado pelo Podemos do senador Álvaro Dias. A bancada lavajatista quer fazer de Moro o novo “outsider” de 2022, enquanto no Planalto ele é lembrado para compor chapa com o presidente. Mas será que o plano do ex-juiz da Lava Jato é mesmo ser vice?(TB)

Foto: divulgação

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