Novos investimentos em energia eólica, solar e outros projetos de energia limpa em países em desenvolvimento caíram bruscamente em 2018 devido, principalmente, à desaceleração na China. Enquanto o número de novas usinas de energia limpa construídas permaneceu estável ano após ano, o volume de eletricidade derivado do carvão alcançou nova alta recorde de acordo com o Climatescope (www.global-climatescope.org), uma pesquisa anual envolvendo 104 mercados emergentes realizada pela empresa de pesquisas BloombergNEF (BNEF).
Estes resultados sugerem que nações em desenvolvimento estão adotando a geração mais limpa de energia elétrica, mas não a um passo suficientemente rápido para limitar as emissões de CO2 globais ou as consequências das mudanças climáticas. Por exemplo, a maior parte da nova capacidade de geração de energia agregada em países em desenvolvimento em 2018 é proveniente da energia eólica e solar. Mas, a maior parte da produção de energia das usinas adicionadas em 2018 virá de fontes de combustíveis fósseis e emitirá CO2. Isto acontece porque a produção de projetos de energia solar e eólica depende da disponibilidade de recursos naturais, enquanto usinas movidas a petróleo, carvão e gás podem produzir 24h por dia.
Além disso, o volume real de consumo e geração de energia pela queima de carvão em países em desenvolvimento saltou de 6,4 mil terawatt-horas em 2017 para 6,9 mil em 2018. O aumento de aproxidamente 500 terawatt-horas na geração de carvão é praticamente equivalente à eletricidade consumida no Texas em um ano normal. Ao todo, nos 104 mercados emergentes analisados no Climatescope, o carvão representou 47% de toda a geração de energia.
A China, a maior emissora de CO2 do mundo e o maior mercado consumidor de energia limpa, desempenhou um papel fundamental nessa história. Investimentos em novos projetos de energia eólica, solar e outros projetos menores de energia renovável hidrelétrica no país caíram de $122 bilhões em 2017 para $86 bilhões em 2018. Essa redução líquida refletiu a queda de $36 bilhões nos valores de investimento em energia limpa nos mercados emergentes, a maior monitorada até o momento pelo Climatescope.
No entanto, essa queda não se limitou à China. Fluxos para projetos de energia limpa na Índia e no Brasil diminuíram $2,4 bilhões e $2,7 bilhões, respectivamente, em relação ao ano anterior. Investimentos caíram para $133 bilhões em 2018 em todos os mercados emergentes analisados, ficando abaixo não apenas do valor total de 2017, mas também de 2015. Em geral, a redução nos custos de construção de plantas de energia solar e eólica foi um fator importante na queda do número total de investimento em economias emergentes.
Foto: divulgação