Partidos de esquerda (PSOL, PT, PcdoB e PSB) vão entrar com uma representação criminal no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Eduardo Bolsonaro (SP) após o filho do presidente declarar em entrevista que, se a esquerda “radicalizar” , poderia haver um “novo AI-5” no Brasil. Os partidos vão pedir também a cassação de Eduardo no Conselho de Ética da Câmara. “Vamos representar no Conselho de Ética. Ao propor o AI-5, ele está propondo fechar o Congresso Nacional. Então a segunda coisa é entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) por quebra da ordem constitucional. Estamos estudando juridicamente a melhor maneira de fazer isso”, diz Ivan Valente (SP), líder do PSOL.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está avaliando se publicará uma nota, segundo interlocutores. Partidos de centro-direita estão avaliando se publicarão uma nota de repúdio em conjunto. O presidente do PSDB Bruno Araújo disse, em rede social, que “ameaçar a democracia é jogar o país novamente nas trevas. O PSDB nasceu na luta pela volta da democracia no Brasil e condena veemente as declarações do filho do presidente.” O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), também repudiou a declaração de Eduardo, feita em entrevista à jornalista Leda Nagle.
“Aquele vídeo das hienas traduz o sentimento que o Bolsonaro e os filhos têm sobre a democracia, sobre a Constituição e sobre o Estado democrático de direito. Diferente do que ele imagina, se houver uma tentativa de rasgar a Constituição, quem vai para a cadeia em primeiro lugar vão ser eles. Ele já falou em fechar o STF com um soldado e um cabo. Ele tem um histórico de afrontas à democracia”.
Durante a campanha presidencial, em outubro do ano passado, veio à tona um vídeo em que Eduardo dizia que bastava um “cabo e um soldado” para fechar o STF. Nessa semana, ele também declarou na tribuna da Câmara dos Deputados que, se as manifestações do Chile se repetirem no Brasil, a “história vai se repetir”, em referência indireta à ditadura militar. “A democracia é um fundamento da República, precisa ser preservada por todos os brasileiros. Ser atacada por um parlamentar seria algo inimaginável”, diz o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP)
Foto: Jorge William/Agência O Globo/13-11-2017