O jornal Tribuna da Bahia completa hoje (21) 50 anos de fundação. Surgido em 1969, em plena ditadura militar, o periódico nasceu da necessidade, identificada pelo fundador Elmano Silveira Castro, de uma mídia que atuasse com respeito aos leitores baianos e fosse combativa. Em entrevista à Rádio Metrópole, na última quinta (17), o presidente do jornal, Antônio Walter Pinheiro, contou que a Tribuna foi pioneira na linguagem e na formação de profissionais de imprensa.
“A Escolinha chegou a emitir umas cinco cartilhas. Por isso, se tornou o primeiro guia de redação da imprensa brasileira. Ninguém falava em guia de redação. Eram fascículos e falava-se aos jovens, já que não tinha escola de Comunicação, como ele gostaria que fosse feito o linguajar, e quebrando os tabus. Um deles: mais adiante surgiu o grupo Camisa de Vênus. O tradicional A Tarde disse ‘Camisa de Vênus’ não pode. A Tribuna escreveu: ‘conjunto musical ‘Camisa de Vênus’. Sobre Cuba, ninguém falava. A Tribuna abriu os espaços”, disse.
Passaram pela Tribuna nomes como Joaci Góes, que chegou a presidir o jornal, e Luiz Holanda, além de colunistas ilustres como João Ubaldo Ribeiro e Raimundo Lima. O periódico também representou a resistência da imprensa baiana em meio ao regime militar, como contou Góes em entrevista à Rádio Metrópole, em 2015:
“Oferecemos resistência à força da ditadura, já que abrigávamos jornalistas considerados de esquerda de outros lugares. Isso levou ao impedimento da minha participação na escola do Curso Superior de Guerra. A resistência era muito grande, porque dávamos emprego para as pessoas chamadas de esquerda naquela época”, afirmou. Uma cerimônia pelo aniversário da Tribuna acontece hoje, às 18h30, na Associação Comercial da Bahia. O evento terá a participação do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, que discursará na ocasião.
Foto : Juliana Rodrigues / Metropress