A redução da Selic para 5,5% ao ano está obrigando grandes bancos de varejo a diminuírem as taxas de administração em fundos de investimentos de renda fixa, com o objetivo de reajustar a remuneração dos clientes ao atual cenário econômico, em que a taxa básica de juros está no menor patamar histórico.
Na última quinta-feira, o Banco do Brasil, por exemplo, anunciou cortes nas taxas de três fundos, que passaram a 3% ao ano. Conforme cálculos do banco BTG Pactual, os cortes podem afetar as receitas do BB em cerca de R$ 730 milhões ao ano.
Ainda há, porém, fundos de renda fixa no mercado com taxas de administração elevadas, chegando a 5% ao ano, segundo levantamento feito a pedido do jornal O Estado de S. Paulo pela empresa de soluções em software para o mercado financeiro Comdinheiro.
A Comdinheiro utilizou dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) de 12 meses até agosto sobre os fundos com mais de mil cotistas e patrimônio maior que R$ 1 bilhão. Constatou que o retorno do investimento nos cinco fundos mais caros é baixíssimo. Isso porque a remuneração é atrelada ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), cujo valor é sempre próximo ao da Selic e está em 5,4% ao ano. Com isso, por mais que o investimento rendesse o prêmio total do CDI, o custo da administração de 5% ao ano engoliria a maior parte do valor, deixando o investidor com apenas 0,4%. E o maior retorno entre os cinco fundos foi de 50,05% do CDI.
“É difícil os bancos darem um retorno de 100%”, diz o diretor comercial da corretora Easynvest, Fabio Macedo. Dos 83 fundos incluídos no levantamento, só três tiveram esse desempenho: Safra Executive Corporate fundo de investimento em cotas de fundo de investimento (114,41%), Bradesco Prime fundo de investimento em cotas de fundos de investimento multi-índices longo prazo (110,29%) e BB longo prazo ativo multigestor private FIC FI (107,08%). Quem investiu nos três se deu bem, já que a taxa de administração mais alta não passa de 0,9%, o que aumenta a margem de lucro.
Foto: Marcello Casal/ Agência Brasil