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MONITOR DA VIOLÊNCIA APONTA REDUÇÃO NA SOLUÇÃO DE CASOS

Redação - 23/09/2019 07:17 - Atualizado 23/09/2019

A família de Shayene Rodrigues, de 14 anos, ainda espera uma resposta. Da polícia, da Justiça, de alguém que possa dizer quem a matou. A adolescente, grávida de 7 meses, foi assassinada a tiros em Pernambuco, no dia 26 de agosto de 2017, um sábado. Levada ao hospital, não resistiu. Seu bebê também não. Dois anos depois, seu caso continua em aberto na polícia, sem um autor identificado, sem nenhum preso pelo crime. Sem qualquer perspectiva de solução.

O caso de Shayene não é isolado. Das 1.195 mortes violentas registradas de 21 a 27 de agosto de 2017, quase a metade segue em investigação na polícia. Só um em cada cinco casos teve uma prisão efetuada, e menos de 5% já têm um condenado pelo crime. É o que revela um novo levantamento exclusivo feito pelo G1. Mais de 230 jornalistas espalhados pelas redações do G1 no país acompanham esses casos há dois anos, quando uma megamobilização foi feita para contar as histórias de todas as vítimas de crimes violentos ocorridos durante uma semana no Brasil. O trabalho, inédito, marcou o início de uma parceria com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Em 2018, um ano depois, um balanço do andamento de todos esses casos foi publicado. E agora, dois anos depois, um novo esforço de reportagem foi feito. E os resultados não são nada animadores.  O Código de Processo Penal determina que um inquérito policial seja concluído em 10 dias quando houver prisão em flagrante ou 30 dias em caso de inexistência de prisão cautelar. Os delegados, no entanto, podem pedir um prazo maior para elucidar o caso – o que normalmente acontece.

Por isso, quase a metade dos casos segue com a investigação em aberto na polícia dois anos depois. No caso de Shayene, a polícia chegou a divulgar que havia identificado os autores do crime. Mas voltou atrás. Maria José de Fátima Santana, de 62 anos, avó de Shayene, diz que não teve mais nenhuma notícia sobre o caso. “Acho que deixaram para lá.” Ela diz que já tinha perdido o filho, pai de Shayene, assassinado, há dez anos. “É uma dor que eu não quero para mãe nenhuma.”. A polícia trabalha com a hipótese de acerto de contas. Também foi morto Carlos Vinícius de Oliveira Castro, de 21 anos, que tinha um relacionamento com Shayene e era considerado o alvo do crime.

*Foto: Divulgação

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