A empresa americana VF Corporation, fabricante de calçados e acessórios em couro e dona de 18 marcas, como Timberland, Kipling, The North Face e Vans, informou que não comprará mais a matéria-prima do Brasil por questionamentos sobre o respeito ao meio ambiente na cadeia de produção. Em comunicado enviado ao GLOBO, a empresa, sediada em Denver, no Colorado, disse que, desde 2017, trabalha para que seus fornecedores estejam de acordo com os requisitos de “abastecimento responsável”.
Na avaliação da companhia, que não especifica se a decisão tem relação direta com as queimadas na Amazônia, a empresa não consegue “assegurar satisfatoriamente que os volumes mínimos de couro comprados de produtores brasileiros sigam esse compromisso”. A VF diz que interromperá as compras de fornecedores brasileiros “até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país”.
A informação de que a VF havia suspendido as compras de couro brasileiro foi relatada nesta quarta-feira pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), associação que representa o setor, ao Ministério do Meio Ambiente. Na carta, a instituição dizia que o anúncio da suspensão das importações era uma “informação devastadora” para o Brasil, uma “nação que exporta mais de 80% de sua produção de couros, chegando a gerar US$ 2 bilhões em vendas” ao ano.
Além disso, o texto enviado à equipe do ministro Ricardo Salles acrescentava que “é inegável a demanda de contenção de danos à imagem do país no mercado externo sobre as questões amazônicas”. Protecionismo: queimadas na Amazônia já fazem governo e produtores rurais temerem barreiras às exportações. No mesmo dia, porém, o CICB voltou atrás e afirmou , em nota à imprensa, que o fornecimento e exportações continuavam normais, sendo o Brasil um dos maiores produtores mundiais de couro.