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FRANÇA E IRLANDA AMEAÇAM CANCELAR ACORDO COM O BRASIL DEPOIS QUE BOLSONARO FOI ACUSADO DE MENTIR NA CÚPULA DO G20 

Redação - 23/08/2019 11:36 - Atualizado 23/08/2019

O governo francês e o governo irlandês disseram nesta sexta-feira (23) que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) mentiu ao assumir compromissos em defesa do ambiente na cúpula do G20, em junho, e que isso inviabiliza a ratificação do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, concluído no mesmo mês.  O governo do Reino Unido declarou-se na sexta “profundamente preocupado” com o aumento das queimadas e com o “impacto da perda trágica destes habitats preciosos”, nas palavras de uma porta-voz.

Firmado no fim de junho após 20 anos de negociações, o termo de cooperação comercial prevê eliminar, em um horizonte de 15 anos, mais de 90% das tarifas praticadas hoje nas transações de mercadorias entre os dois blocos. Além da resistência de produtores agrícolas (sobretudo na França e na Irlanda), a parceria foi alvo de críticas de ambientalistas, que ressaltavam a fragilização dos organismos de monitoramento e combate ao desmatamento sob o governo Jair Bolsonaro.

Horas após a assinatura do pacto, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que obtivera do Brasil a garantia de que o país não deixaria o Acordo de Paris sobre a mudança climática (2015), que fixa metas para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.  No comunicado de quinta-feira, Varadkar declarou-se “muito preocupado” com a disparada das notificações de queimada na Amazônia (84% a mais de janeiro a 21 de agosto do que no mesmo período de 2018)

“Os esforços do presidente para culpar ONGs de defesa do ambiente pelo fogo são orwellianos”, afirmou o primeiro-ministro, aludindo ao escritor inglês George Orwell (1903-50) e à sua denúncia insistente de totalitarismos. “A declaração dele [Bolsonaro] de que o Brasil permanecerá no acordo do clima ‘por enquanto’ deixa a Europa de antena ligada”. O pacto Mercosul-UE ainda precisa passar pelo crivo dos chefes de Estado e governo europeus, antes de ser submetido ao Legislativo de cada integrante do bloco e ao Parlamento Europeu. O processo deve levar ao menos mais dois anos.

“Ao longo desse período, vamos monitorar de perto as ações ambientais do Brasil”, sinalizou Varadkar. “Não se pode pedir a fazendeiros irlandeses e europeus para usar menos pesticidas e fertilizantes […] se não fecharmos acordos comerciais sujeitos a parâmetros decentes nos quesitos ambiental, trabalhista e de normas de produção”. Também na noite de quinta, em uma publicação na internet, Emmanuel Macron classificou como “crise internacional” a situação amazônica e instou os líderes do G7 a discutir “essa emergência” na cúpula a ser realizada de sábado (24) a segunda (26), em Biarritz (sul da França).

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