O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, avaliou nesta segunda-feira (14) que a melhoria dos níveis de educação financeira da população brasileira também tem “efeitos macroeconômicos de grande importância”. “Uma melhor educação financeira implica em uma demanda e uso mais responsável e adequado do crédito, um menor risco de endividamento excessivo e, portanto, uma menor inadimplência”, afirmou, durante a abertura da 5ª Semana Nacional de Educação Financeira, em Brasília. Em sua análise, ao também aumentar a propensão do cidadão a poupar, a educação financeira gera “externalidades positivas” para o desenvolvimento econômico do país e para o bem-estar da população.
Fábio Coelho, diretor-superintendente da Previc e presidente do Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef), observou que pesquisa do BC, em parceria com a Serasa e o Ibope, identificou que 56% dos entrevistados assumiram não fazer orçamento doméstico familiar, enquanto 69% afirmaram não ter poupado nenhuma parte de sua renda nos últimos 12 meses. “O cartão de crédito [que tem os juros mais altos do mercado no caso de inadimplência] é o principal produto financeiro utilizado pelo brasileiro e, na sequência, o carnê de lojas”, afirmou ele.
De acordo com Coelho, a pesquisa apontou que os consumidores passam a usar os carnês de loja passaram a ser mais utilizados durante a crise financeira, porque os consumidores tinham atingido o limite do cartão de crédito. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, lembrou que, em 2017, o Ministério da Educação homologou o texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Fundamental, que incorporou referências à educação financeira, especialmente quanto à gestão de finanças pessoais e à educação para o consumo e, também, à educação econômica.
Segundo ele, a educação financeira pode ser ensinada, por exemplo, como habilidade a ser adquirida pelo estudante, a capacidade de “Ler e compreender, com autonomia, boletos, faturas e carnês” e “compreender as formas de persuasão do discurso publicitário, o apelo ao consumo”. Goldfajn lembrou que a Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio está sendo construída e em breve será também submetida a audiências públicas. “Defenderemos, mais uma vez, a inserção da educação financeira em seu texto, e esperamos contar com vocês nesse processo”, acrescentou.