O edital do concurso para ingresso na carreira de diplomata foi lançado na semana passada e surpreendeu os candidatos com a mudança de banca organizadora. Desde 2002, o Cebraspe, antigo Cespe/UnB, era responsável pela organização do concurso. Mas, neste ano, o governo federal decidiu contratar o Instituto Iades, alegando que a proposta foi mais “vantajosa”. O edital do Instituto Rio Branco recebe inscrições a partir desta quarta-feira (17) para 20 vagas de diplomata. O salário é de R$ 19.199,06. O candidato deve ter nível superior em qualquer área. São 15 vagas de ampla concorrência, 4 para candidatos negros e 1 para pessoas com deficiência.
Para especialistas no concurso para diplomata, não há motivos para os candidatos se preocuparem, já que o edital manteve as linhas básicas do que já era cobrado pelo Cebraspe. “Não há razão para desespero nem desmotivação. A essência da preparação é basicamente a mesma e não acredito que haja mudança em termos de dificuldade. Não vejo que tenhamos uma prova mais difícil nem complexa em termos de questões”, opina Paulo Velasco, mestre em Relações Internacionais e Professor do Curso Clio, especializado em preparação para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD).
“Avaliando algumas provas do Iades, o nível de cobrança parece ser muito mais baixo. Mas isso não tem a ver com a organizadora, mas sim com o tipo de concurso que ela vem realizando até aqui. É bem provável que continuemos tendo uma prova bastante competitiva, ou seja, que elaborem uma prova que mantenha o alto nível do concurso”, afirma Guilherme Casarões, cientista político e professor da FGV EAESP. Para ele, não houve mudança profunda de tópicos nem de estilo da prova. “Desde 2014 a prova é rigorosamente de certo e errado em função do próprio aumento do grau de dificuldade da prova. E isso foi mantido”, diz.
O cientista político afirma que muito se especula sobre quem vai formular a prova, já que o Iades não tem tradição na elaboração desse tipo de prova como o Cebraspe tinha, com especialistas já mobilizados para participar da formulação da prova. “É bem provável que o Iades conte praticamente só com diplomatas de carreira, mantendo uma certa sobriedade na maneira como a prova é pensada e redigida”, comenta. Questionado, o Iades não informou quem estaria participando da elaboração das provas para “assegurar o sigilo necessário à organização e o desenvolvimento de concursos públicos” e prezar pela “discrição quanto a assuntos internos”.