O governo brasileiro terá de criar nos próximos meses um sistema para distribuir licenças a produtores interessados em embarcar mercadorias com tarifas mais baixas à União Europeia (UE). Embora o acordo fechado na semana passada entre Mercosul e UE garanta a abertura total do mercado europeu para produtos industrializados sul-americanos, o comércio para produtos agrícolas seguirá com algumas restrições.
O texto negociado prevê o fim da cobrança de tarifa de importação para 82% das exportações agrícolas do Mercosul. Para quase todo o restante, só um volume determinado poderá ser importado com tarifas reduzidas. Essas cotas valerão para produtos como carne bovina, carne de frango, açúcar, etanol, mel e ovos, entre outros (ver quadro). Apesar dessa limitação, exportadores do Mercosul terão um instrumento a mais de barganha na hora de vender seus produtos, segundo fontes do governo brasileiro. O Mercosul conseguiu negociar que as licenças para o comércio dentro dessas cotas serão compartilhadas entre sul-americanos e europeus.
Hoje, só europeus têm autorização para importar dentro das cotas e podem negociar com qualquer exportador brasileiro. Isso, na avaliação do governo, dá mais poder de barganha aos europeus. Com o acordo, os vendedores brasileiros também terão licenças e o negócio só poderá acontecer se os dois lados estiverem habilitados. O Brasil entende que, desta maneira, o jogo ficará mais equilibrado.