A vocação econômica da Bahia sempre esteve ligada ao campo. Com um território quase do tamanho da França e cinco biomas distintos, na Bahia em se plantando tudo dá, como disse Pero Vaz de Caminha ao aportar por aqui. E, ao longo da história, o dinamismo da economia baiana sempre esteve sempre fundado em produtos agrícolas e agropecuários. Mas a partir dos anos 50, com a implantação da Petrobrás e da política de incentivos fiscais, a Bahia industrializou-se e passou a se destacar na economia nacional como um estado industrial, detentor de um polo petroquímico de peso, fábrica de automóveis, pneus, bebidas e indústrias de todo tipo. Com isso, o setor industrial tornou-se o mais importante setor produtivo do estado e chegou a representar 27% do PIB baiano, enquanto o setor agropecuário contribuía com apenas de 8% do produto.
A indústria tornou-se então a menina dos olhos da economia baiana, mas a participação da agropecuária estava subestimada e não refletia a verdade econômica da Bahia, um estado onde mais de 2 milhões de pessoas trabalham no campo e outras tantas trabalham em cidades que giram em torno do agronegócio. O problema é que o PIB da agropecuária só contabilizava o que era produzido na agricultura e na pecuária, deixando de lado os insumos utilizados, as indústrias que consomem e beneficiam produtos agrícolas e pecuários e as relações entre o negócio agrícola e o setor de transportes, comércio e serviços. Pois bem, quando se ampliou o cálculo e se incluiu toda a rede econômica que gira em torno do campo surgiu o PIB do Agronegócio na Bahia que, em 2017, atingiu o montante de R$ 60,7 bilhões, representando 23,5% do PIB, o dobro do produto gerado na atividade comercial e superior ao PIB industrial, que representou apenas 22,2% neste ano.
O agregado foi calculado pela SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais e os números demonstram que, entre 2014 e 2017, período de forte recessão, enquanto todos os setores da economia despencavam, o PIB do agronegócio saltou de R$ 47 bilhões para R$ 60 bilhões, crescimento que faria inveja a China. E hoje são produtos provenientes do agronegócio, como a produção de soja e a celulose, que lideram as vendas externas da Bahia, é a produção de grãos que movimenta os portos e é a receita gerada no agronegócio que da dinamicidade a cidades como Barreiras, Luiz Eduardo, Juazeiro, Feira e tantas outras. Não é de estranhar que seja assim, afinal o agronegócio na Bahia tem uma diversidade impressionante e aqui, efetivamente, em se plantando tudo dá: fruticultura, grãos, café, florestas, pecuária, cacau, especiarias e muito mais.
E não fosse a seca, que castiga o bioma da caatinga e de outras regiões, a Bahia teria um agronegócio mais pujante ainda. A participação do agronegócio e da indústria no PIB variam ao longo do tempo e se sobrepõem em alguns segmentos, mas pode-se afirmar que o agronegócio é responsável na Bahia por ¼ de toda riqueza gerada e que essa é a nossa vocação.
A EMBASA E O DEPUTADO
O governador Rui Costa encaminhou a Assembleia Legislativa mensagem solicitando autorização para empréstimo em forma de caução, no montante de 60 milhões de euros, ao Banco Alemão de Desenvolvimento (KFW), para que a Embasa – Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A possa implementar um programa de saneamento em Camaçari e Dias D’Ávila que, além da ampliação dos sistemas de esgotamento sanitário, fará o aproveitamento do biogás gerado. O deputado Rosemberg Pinto acha que esse tipo de projeto deve ser um exemplo para uma nova Embasa, que deveria se modernizar e atuar como uma agência de desenvolvimento promovendo inovação e sustentabilidade. Segundo ele, as diretorias da Embasa sempre atuaram como se a empresa fosse apenas uma fornecedora de água, mas pelo seu peso e capacidade de investimento e por atuar em quase toda a Bahia, a empresa tem tudo para ser um agente de desenvolvimento.
PAVOR DOS JUROS BAIXOS
As explicações do Comitê de Política Monetária (Copom) para manter a taxa básica de juros pela oitava vez consecutiva em 6,5% ao ano são completamente contraditórias. Em comunicado divulgado ao final da reunião, o Copom afirma que “os indicadores recentes da atividade econômica apontam ritmo aquém do esperado”. Sendo assim, os juros deveriam cair para estimular o investimento e tornar o crédito mais barato. O comitê reconhece também que “a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa”, o que recomendaria juros menores. Então por que o comitê manteve os juros em 6,5%, quando os fundamentos da economia permitem uma redução de pelo menos 0,5%? Segundo o comunicado, “uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira poderá elevar a trajetória da inflação”, o que significa que Copom não acredita na capacidade do governo de aprovar as reformas. Na verdade a razão por trás de tudo isso é a fobia psicológica, a ortodoxia não sabe conviver com juros baixos, nem explicar porque os juros caem na base e continuam altos na boca do caixa. Por isso, para o Copom, a razão principal de não reduzir os juros foi “cautela, serenidade e perseverança”.
INFECÇÃO HOSPITALAR
O índice de infeção hospitalar registrado nos hospitais e clínicas de Salvador e na Bahia está a merecer um estudo mais amplo. É um tipo de informação que possui vários aspectos e condicionantes e que ainda sofre com o baixo índice de notificação por parte dos hospitais e clínicas. O último relatório de indicadores de infecção hospitalar, referente a 2017, elaborado pela Secretaria de Saúde do Estado, traz um dado interessante que mostra que de 100 pacientes que saíram das UTI de adultos dos hospitais baianos, por alta, óbito ou transferência, cerca de 10% contraíram infecção hospitalar. E daqueles que contraíram 20% foram a óbito. O número é alto, até por ser uma média e por causa da subnotificação. Há exceções, mas a maioria dos hospitais, inclusive hospitais privados e voltados para a população de alta renda, precisam fortalecer e ampliar seus programas de controle de infecção hospitalar para que não se dissemine a anedota que afirma que o aeroporto é o melhor lugar para quem que precisa de uma cirurgia em Salvador.
LICITAÇÃO DO METRÔ
A licitação para as obras do Tramo 3 do Metrô de Salvador, com cinco quilômetros de extensão levando a linha 1 até o bairro de Águas Claras está emperrada. Quem ganhou o certame foi a construtora Camargo Corrêa, mas a empresa foi inabilitada, assim a construtora Queiroz Galvão, classificada em segundo lugar, ficou com a obra com a proposta de realizá-la por R$ 429 milhões. Como esta semana, o Tribunal de Contas da União tornou inidônea quatro empreiteira alvo da Lava-Jato, entre elas a Queiroz Galvão, a empresa ficará impedida de firmar contratos com a administração pública federal. Como o metrô recebe recursos federais, tudo indica que Queiroz Galvão não poderá realizar a obra.