O problema dos ferries boats atracados na Marina Aratu, que aflige o Estado da Bahia há mais de 15 anos, será resolvido através da empresa SS Comércio de Metais Ltda., com suporte da Aratu Serviços Marítimos (ASM). A SS Comércio de Metais Ltda., em novembro de 2018, arrematou os ferries Monte Serrat e o Ipuaçu por R$ 117 mil. Um ferry novo para operação, por exemplo, custa, em média € 9 milhões – aproximadamente R$ 36 milhões. A empresa, que atua no ramo de reciclagem de metais desde 2005, tomou conhecimento do leilão dos ferries através de sites especializados e credenciados em pregões, quando negociavam a compra do navio Vitória Aparecida. De acordo com o empresário Sérgio Dias, a aquisição foi feita para uma “nova experiência e desafio da SS Comércio de Metais”. “Quando estávamos negociando a compra do navio Vitória Aparecida, soubemos do leilão dos ferries. Como já tínhamos comprado um, resolvemos entrar no leilão. Já tínhamos um local pré-determinado para o desmanche, mas os custos inviabilizaram a realização do procedimento como havíamos pré-concebido”. O navio Vitória Aparecida já está em fase final de desmanche na Ponta da Laje – conhecido como Porto da GDK. O navio é bem maior do que os ferries que estão atracados na Marina Aratu e todo processo é feito com segurança, dentro das mais rígidas normas ambientais.
A empresa de Sérgio Dias tem bastante experiência em desmontagem de materiais para reciclagem. Desde a fundação, a empresa já desmontou duas fábricas dentro do polo-petroquímico de Camaçari, empregando quase 30 pessoas. Todo material foi vendido para o ramo siderúrgico para produção, muitas vezes, de vergalhão para construção civil. No dia do pregão, Sérgio Dias sinalizou para os pregoeiros e para Secretaria de Administração do Estado da Bahia (Saeb) que não seria possível retirar os bens em 30 dias da Marina Aratu pela complexidade que a questão envolve, sobretudo, as ambientais. Quando arrematou o leilão, o empresário não sabia do grau de deterioração da embarcação e da gravidade dos problemas que o tempo e o descaso causaram. Para retirar a embarcação do local, foi preciso criar um plano de ação, com estratégias bem delimitadas, a partir de um método inovador e sustentável desenvolvido pela Aratu Serviços Marítimos. Segundo o gerente de Engenharia da ASM, Laurent Couvignou, “o método é uma adaptação de um projeto desenvolvido para transporte de uma plataforma em um navio específico”. “Quando apareceu o risco de contaminação, adaptamos esse método, que consiste em envelopar o casco do navio com sobra acima da linha d’água com uma lona de alta resistência, impermeável, sustentando por ilhoses, presos por cabos a estrutura do navio. Isso diminui qualquer risco de inundação”, declarou.
Durante a operação, as bombas do ferry serão mantidas em operação. “Vamos rebocar em baixa velocidade para evitar movimentos excessivos dessa lona no percurso entre a Marina Aratu e o Porto da Laje, onde poderá ser ancorada e desmontada, progressivamente, de cima para baixo”, explicou o gerente. A instalação da lona será realizada com auxílio de uma equipe de mergulhadores, que acompanharão todo tramite até a Ponta da Laje. Todo procedimento, conforme acordado na Capitania dos Portos, será realizado até o dia 10 de abril deste ano. Logo após o leilão, a SS Comércio de Metais recebeu apenas uma nota fiscal do Estado para comprovar a aquisição. Os documentos dos ferries não foram entregues em tempo hábil para os proprietários da empresa para que pudessem dar início ao pedido de autorização de navegação junto a Capitania dos Portos. Tal documento só foi entregue aos representantes da empresa em uma reunião realizada entre a SS Comércio de Metais, Ibama, Estado da Bahia e Capitania dos Portos.
O advogado da empresa, Zilan Costa e Silva, especialista em Direito Marítimo, afirma que a empresa segue todas as normas ambientais brasileiras e internacionais. “Os procedimentos adotados pela SS metais estão de acordo com os mais altos padrões técnicos e maneira a observar e cumprir todas as normas ambientais brasileiras e internacionais (convenção da Basiléia) e com as guidelines para a reciclagem de navios proposta pela Organização Marítima Internacional (IMO). Ademais, o planejamento e os procedimentos de movimentação das embarcações estão de acordo com o determinado na Lei 9537/97, na Normam 08 da Autoridade Marítima e demais normas aplicáveis à matéria”. Para Sérgio Dias, o desafio valeu a pena: “Todos os tramites que passamos até aqui nos indicam que estamos no caminho certo, inovando em um segmento muito complexo. A SS Comércio de Metais, por ser uma empresa do ramo de reciclagem, tem como um princípio basilar a preservação do meio ambiente e busca pelo crescimento sustentável”.