O rompimento da Barragem da Vale na Mina Córrego do Feijão ainda pode gerar mais transtornos. Segundo pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertaram hoje (5), existe a possibilidade de agravamento de doenças crônicas na população da cidade e dos arredores, sobretudo em locais isolados e sem acesso aos serviços de saúde.
A instituição científica é vinculada ao Ministério da Saúde, elaborou um mapa das comunidades cujo acesso pode estar dificultado em decorrência de bloqueios causados pela lama que vazou após a tragédia.
O levantamento revela que cerca de 1.090 domicílios, abrangendo uma população de 3.485 pessoas, podem ser afetados pela falta de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), com dificuldade para obter medicamentos e com o sistema de abastecimento de água obstruído, entre outros problemas. “Sabemos que o SUS está fazendo esforços, mas infelizmente a demanda dentro da área que foi soterrada é tão grande que algumas pessoas podem ser esquecidas”, diz Christovam Barcellos, pesquisador do Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz.
Doenças infecciosas
Outra recomendação mais imediata dos pesquisadores diz respeito à necessidade de controle de vetores de doenças infecciosas. Isso porque o impacto da lama sobre o bioma traz alterações na biodiversidade local. Um impacto sobre predadores poderia favorecer a proliferação de caramujos, transmissores da esquistossomose, e de mosquitos que transmitem, por exemplo, a dengue, a chikungunya e a febre amarela. A preocupação aumenta porque os agentes de saúde que atuavam no combate a endemias também podem ter deixado de cumprir suas funções para atender às emergências.
Há, ainda, preocupação com novas ocorrências de leptospirose, doença típica de situações de enchentes e inundações, e de doenças respiratórias. “Nesse momento, eu não sei se é melhor chover ou não, porque toda vez que chove a lama é removida e jogada para o rio. Mas do contrário, a lama seca e começa a poeira a se difundir por toda a região”, diz Barcellos.