Os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se mostraram preocupados com a fala do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) desqualificando a produção de dados de desemprego no País. Ele chamou de “farsa” os números atuais, divulgados mensalmente pelo órgão, vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e fundado em 1934. Os servidores interpretaram que Bolsonaro demonstrou, com suas declarações, completo desconhecimento do conceito de emprego, e também da metodologia utilizada pelo corpo técnico, que segue padrões internacionais.
“Vou querer que a metodologia para dar o número de desempregados seja alterada no Brasil. O que está aí é uma farsa”. E mais: “Quem recebe Bolsa família é tido como empregado, quem não procura emprego há mais de um ano é tido como empregado, quem recebe seguro-desemprego é tido como empregado. Temos que ter uma taxa não de desempregados, e sim de empregados. Não tem dificuldade para ter isso aí e mostrar a realidade para o Brasil”, disse Bolsonaro em entrevista à Band na última segunda (5).
Em nota à imprensa, a ASSIBGE pontua que “o IBGE segue padrões metodológicos internacionais em suas pesquisas, com a finalidade de que as estatísticas brasileiras sejam comparáveis às dos demais países do mundo”, que “o IBGE é reconhecido nacional e internacionalmente pela qualidade do seu quadro técnico e pela credibilidade das suas informações” e que “dentre os princípios que regem seu funcionamento estão a independência política e a autonomia técnica na definição de suas metodologias”.
A nota diz ainda que “a intervenção política em órgãos oficiais de estatísticas já se mostrou desastrosa para a credibilidade de instituições de pesquisa, como ocorreu recentemente na Argentina” e que “o corpo técnico do IBGE nunca foi fechado à contribuição da sociedade brasileira para o aperfeiçoamento das suas pesquisas; a própria implementação da Pnad Contínua foi resultado de discussões no âmbito do Fórum do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares (SPID), que remontam a 2006”.