A redação do Enem, um dos pontos altos da avaliação, costuma deixar muitos estudantes tensos. Ano passado, além de se concentrarem nas dicas de como elaborar um bom texto, os concorrentes tiveram que prestar bastante atenção na disputa entre o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Movimento Escola Sem Partido.
O motivo? Ideias contrárias ao que tange os Direitos Humanos seria motivo para zerar uma redação? Até 2017, o Inep acreditava que sim. Já os representantes da Escola Sem Partido defendiam que a regra seria contrária à liberdade de expressão. Um dia antes da prova, a então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, acatou a justificativa do movimento e suspendeu a decisão. O edital deste ano seguiu a mesma orientação.
Na prática, não mudou muita coisa. Isto porque, como aponta um dos critérios de avaliação da redação – a Competência 5 –, os estudantes devem “elaborar proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos humanos”. Ou seja, não basta apenas apresentar domínio da gramática, ortografia e todas as regras da escrita formal da língua portuguesa ou desenvolver uma boa linha de raciocínio argumentativa.
É necessário também “não romper com os valores de cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural”, como aponta o Manual de Redação do Enem. A quinta competência de avaliação é responsável por 200 pontos, do total de 1000. É importante compreender que a defesa dos Direitos Humanos não diz respeito a uma ideologia de um determinado grupo político. Falar desses direitos é garantir que qualquer cidadão tenha plena condição de vida. A Organização das Nações Unidas (ONU) define os Direitos Humanos como “direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição”.