O crescimento de 0,2% da economia brasileira no segundo trimestre veio em linha com o esperado, mas a revisão para baixo dos números do primeiro trimestre surpreendeu e sinaliza que as projeções do mercado para o PIB do ano todo devem ser baixadas para um alta em torno de 1%, segundo economistas ouvidos pelo G1. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) baixou de 0,4% para 0,1% o avanço da economia nos três primeiros meses do ano. A atual estimativa Tendências é de uma alta de 1,7% no PIB do ano, mas pode ser revisada para um patamar abaixo dos 1,47% esperados pelo mercado no último boletim Focus.
“Como derrubou muito no primeiro trimestre, por mais que a economia cresça no terceiro, e é esperada uma alta mais forte por causa do contraponto com a greve, é bem razoável que o mercado revise para baixo, porque a base mudou muito”, disse Alessandra Ribeiro, economista da consultoria. Nas contas dela, se a economia crescer 0,8% no segundo trimestre e 0,5% no quarto trimestre, o avanço no ano fica em torno de 1,2%.
Já o número do segundo trimestre vieram exatamente como esperado pela Tendências. “(Os dados) mostram que a greve dos caminhoneiros realmente deu uma boa quebrada (no ritmo de recuperação da economia). A indústria sofreu bem, especialmente a de transformação, muito por efeito da greve, e os serviços fizeram o contraponto positivo”, afirma Alessandra. Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, apesar de esperada, a queda de 1,8% no investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) é o movimento que mais preocupa no segundo trimestre.
“Esse é o pior sinal. Porque, obviamente, uma economia que não investe não cresce e, pior, não gera emprego”. “Se o segundo trimestre foi assim, não vejo motivos para que investimento se recupere no terceiro trimestre. Não se vê sinal de decisões relevantes (no terceiro tri), pelo contrário, é um trimestre de revisões”, diz. “Vai demorar bastante e para se recuperar e não se sabe bem quanto”.