

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), nos últimos anos, observou-se uma oscilação nas expectativas para as compras de Natal dos consumidores brasileiros, com destaque para o período marcado pela pandemia de Covid-19. A partir de 2021, houve uma recuperação gradual dessas expectativas, ainda que com uma quebra de tendência em 2024. Em 2025, as perspectivas voltaram a se fortalecer, com o indicador de intenção de gastos no Natal retornando à trajetória ascendente.
A pesquisadora e economista do FGV IBRE Anna Carolina Gouveia, responsável pelo estudo, destaca que o Indicador de Intenção de Compras de Natal, calculado pela diferença entre as respostas favoráveis (gastar mais) e desfavoráveis (gastar menos), registrou um aumento de 9,2 pontos, passando de 69,0 pontos em 2024 para 78,2 pontos em 2025, atingindo o patamar mais elevado desde 2012 (81,2 pontos). “Esse avanço reflete, em grande parte, a redução da parcela de respondentes que planejam gastar menos, que recuou de 44,5% para 35,9%, sinalizando uma mudança favorável no comportamento do consumidor. No auge da pandemia de COVID-19, em 2020, essa parcela chegou a 65,0%, o que evidencia a recuperação gradual dos padrões de consumo observada nos últimos anos”, explica.
A alta do ímpeto de compras natalinas ocorreu em todas as faixas de renda, com destaque para as mais baixas, de famílias com renda mensal de até R$ 4.800,00. “Esse resultado ocorreu pela redução da parcela de consumidores dizendo que pretendiam gastar menos, enquanto a parcela de quem pretendia gastar mais continuou limitada, atingindo 6,1% para a renda 1 (renda de até R$ 2.100) e 12,1% para a renda 2 (renda de até R$ 4.800,00). Tais resultados refletem uma maior vulnerabilidade dessa faixa de renda aos desafios do cenário econômico”, comentou Anna Gouveia.
Os domicílios com renda mensal superior a R$ 9.600,00 apresentam maior disposição para ampliar os gastos natalinos, com 19,6% indicando intenção de gastar mais em 2025, o maior percentual desde 2010 (21,2%).
De acordo com a pesquisadora, a melhora no ímpeto de compras na data pode estar relacionada à manutenção do emprego e da renda, aliada ao alívio recente na inflação, que amplia o espaço no orçamento das famílias para gastos não essenciais.
Em relação a faixa que os consumidores pretendem gastar, em 2025, quase 30% dos deles planejam dispender entre R$ 101,00 e R$ 200,00 (29,1%), seguido por quem pretende gastar entre R$ 51,00 e R$ 100,00 (27,1%) e entre R$ 21,00 e R$ 50,00 (21%).
Para fins de comparação, os preços médios estimados para os presentes de Natal em anos anteriores foram ajustados para valores de 2025, considerando o movimento inflacionário. O resultado para 2025 revela uma redução em relação a 2024, com o preço médio dos presentes caindo para R$120,00. A faixa de renda mais alta registra a menor redução do preço médio em relação ao ano anterior. “A redução no valor dos presentes, acompanhada pelo aumento da intenção de presentear, deve estar relacionada ao elevado nível de endividamento e inadimplência, que leva as pessoas a ajustar o gasto com presentes para que caiba no orçamento”, completa Anna Gouveia.
Assim como nos anos anteriores, os itens Roupas e Brinquedos mantiveram-se como os mais mencionados na cesta de Natal dos consumidores, representando 48,3% e 11,7% das citações, respectivamente. Contudo, destaca-se a redução na escolha de brinquedos nos últimos anos, alcançando em 2025 a menor proporção registrada. Neste ano, houve aumento de intenção de gastos com livros e artigos pessoais.
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