

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), a inflação dos itens típicos do Natal registrou variação de 0,10% no acumulado de 12 meses até novembro de 2025, mostrando forte desaceleração frente aos 4,48% observados no ano anterior. O comportamento, no entanto, não foi uniforme entre os tipos de despesa realizadas para a época. A ceia está mais barata em vários itens-chaves, mas proteínas continuam pressionando. Do lado dos presentes, o comportamento é moderado, com quedas em eletrônicos e itens infantis, mas altas em vestuário e produtos de saúde e beleza.
Ceia
A cesta de alimentos da ceia apresentou queda de 1,44%, puxada principalmente por fortes recuos em itens que haviam pressionado bastante o orçamento no ano passado. A batata-inglesa (-39,93%), o arroz (-23,74%) e o azeite (-19,16%) registram quedas expressivas, refletindo uma normalização das cadeias de oferta – no caso do azeite e um ambiente agrícola mais favorável em 2025 – para o caso do arroz. A desaceleração global das commodities alimentares e a melhora climática no Brasil contribuíram significativamente para esse alívio.
Por outro lado, proteínas importantes itens da ceia continuam subindo de preço: carnes bovinas (+9,46%), pernil (+8,32%), lombo suíno (+7,47%) e frango inteiro (+7,78%). O bacalhau, que havia caído em 2024, agora apresenta alta de 20,25%, influenciado pelo câmbio menos favorável em parte do ano e por restrições internacionais de oferta.
Presentes
Os presentes registraram alta de 1,41%, com o grupo de eletrônicos seguindo com queda, mas menos intensa que no ano passado (-1,29%), com destaque para celulares (-1,82%). Já o vestuário apresenta alta de1,83% com roupas masculinas em 3,12% e femininas em 1,34%. Itens infantis mostram comportamento misto, com forte queda nos calçados (-6,16%).
O pesquisador do FGV IBRE Matheus Dias destaca que a cesta de presentes, a qual registrou elevação de 1,41%, volta a subir após dois anos de inflação muito baixa. “O movimento reflete um consumo mais aquecido em 2025, em linha com o mercado de trabalho forte, o que pode ter influenciado na retomada mais acelerada de bens de consumo semiduráveis”, explica.
Conjuntura Econômica
A inflação de Natal de 2025 ocorre em um ambiente macroeconômico distinto ao dos últimos anos. Segundo Dias, a conjuntura econômica tem exercido papel importante na dinâmica atual: “A desaceleração global, combinada à melhora das safras, reduziu pressões sobre alimentos, refletindo em uma queda de quase 1% nos preços de alimentos para o consumidor”, destacou o economista do FGV IBRE. Ele complementa que, apesar do câmbio apresentar certa estabilidade, permaneceu boa parte do ano em patamar elevado, somado aos custos logísticos também elevados, a consequência foi a manutenção da pressão em alguns itens importados, como bacalhau e alguns produtos de saúde e beleza.
Já pelo lado da demanda, o consumo das famílias segue sustentado por ganho real de renda e mercado de trabalho resiliente, favorecendo reajustes moderados na cesta de presentes. A convergência gradual da inflação para a meta também ajuda a conter repasses ao consumidor, apesar de ainda existir resiliência em serviços, que impede convergência mais rápida.
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||