

O fim do ano, marcado por celebrações, balanços pessoais e expectativas para o futuro, também pode ser um período de aumento de estresse e da ansiedade. Pressões pessoais, compromissos excessivos e metas idealizadas contribuem para a sobrecarga emocional típica de dezembro. Para compreender esse fenômeno e indicar estratégias mais saudáveis de enfrentamento, o professor do curso de Psicologia da Unijorge, Cauan Reis, explica porque essa época mexe tanto com as emoções e como é possível iniciar um novo ciclo com mais equilíbrio.
Segundo o professor, o aumento do estresse no fim do ano está diretamente ligado a aspectos culturais. “Vivemos sob diversos elementos simbólicos que constroem uma estrutura de exigências. O fim do ano representa, ao mesmo tempo, o encerramento de um ciclo e o anúncio de outro. Para alguns, isso vem carregado de promessas; para outros de angústia do “tudo novo”, explica Cauan. Ele ressalta que sentimentos como saudosismo, tristeza, alegria e expectativa fazem parte da vida cotidiana, mas acabam intensificados nesse período.
Os impactos dessa sobrecarga emocional podem se manifestar tanto no corpo quanto no psicológico. “Os sinais físicos costumam chamar mais atenção, mas os emocionais são igualmente importantes, justamente por serem mais sutis. Desânimo intenso, frustação por expectativas irreais e até reações somáticas, como gripes e viroses, podem indicar que algo não vai bem”, alerta o docente. Ele destaca ainda que o excesso de confraternizações, quando vivido como obrigação e não prazer, pode gerar mais estresse do que relaxamento.
Em relação às tradicionais metas de início de ano, Cauan pondera que o problema não está em cria-las, mas na forma como são encaradas. “O excesso de expectativas e imperativos pode aumentar a ansiedade. Vivemos em uma sociedade que celebra vitórias e ignora os fracassos, estes que são fundamentais para recalcular rotas”, afirma. Para ele, mais importante do que estabelecer metas é criar estratégias realistas para administrá-las, respeitando prioridades, tempo possível e desejos que sejam de fato, pessoais.
Quando o assunto são as pressões de compromissos sociais e expectativas familiares, o professor faz um convite à reflexão: “A nossa sociedade desaprendeu a celebrar. As festas são vividas como instantes simultâneos, cheios de obrigações. Transformar festa em celebração é transformar tempo de produção em tempo de vida”, destaca. Cauan reforça a importância de pausas, intervalos e do questionamento das imposições sociais para que as escolhas façam sentido individualmente.
Para começar o novo ano com mais equilíbrio, o psicólogo e professor lembra que não existem fórmulas mágicas. “Mente e corpo compõem uma coisa só: a existência. A vida é dinâmica e instável, feita de altos e baixos. O grande desafio é conseguir viver intensamente, inclusive nas oscilações”, conclui. Para ele, talvez a verdadeira “magia” desse período esteja justamente no essencial: viver com mais presença, profundidade e cuidado consigo mesmo.
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