

Amizades nos ajudam a desenvolver a socialização, emoções, ampliação de repertório comportamental, segurança, confiança, lazer, autoconhecimento e desenvolvimento. Protegem de doenças como as cardiovasculares e até transtornos mentais. Uma boa rede de apoio nos salva (pretensioso dizer, mas arrisco) de parentes nocivos e da própria história posta. Através dos amigos é possível aprofundar os conceitos de família e reescrever as narrativas de inúmeras situações.
Cada vez mais grupos de amigos resolvem fazer encontros periódicos e fixos, se unir em comunidades em que morem próximo ou até na própria casa e até assumir um casamento lavanda (em prol da estabilidade financeira, emocional e proteção legal). Ter uma rede de apoio é essencial e a noção de pertencimento e individualidade, autenticidade e reconhecimento são essenciais para a saúde mental.
De acordo com a psicóloga Bianca Reis: “quando não pertencemos ao todo nos afastamos dele, quando pertencemos a nós mesmos nos aproximamos da nossa essência. Ser de verdade envolve ambiguidades, porém entre bons amigos é possível pertencer ao grupo e ser de si mesmo. Com isso, a sensação de vazio (existente e impossível de ser eliminada) pode passar a não ser vista de forma tão angustiante. Seremos sempre seres faltantes, a questão está na maneira na qual eu e meus pares enxergamos e lidamos com esses vazios e faltas. E que bom é ter a possibilidade de ser com e através do outro com as amizades descentralizando o amor romântico, dando espaço a amores plurais”.
É comum que pessoas com dificuldades em fazer amizades costumem hipercompensar no trabalho e na família e até mesmo em um/a parceiro/a. Amizades não nos previnem da solidão, mas são porto seguro para partilharmos ela se necessário. Uma pesquisa recente constatou que 100 pessoas morrem por hora, no mundo, por causa da solidão (OMS, 2025).
Isso porque, dentre muitas coisas, não fazer, cultivar e perpetuar relações de amizade impacta na maneira na qual nos enxergamos e enxergamos o mundo. Muitas vezes há a sensação de que aquilo que se vive é tudo e quando se trata da solidão e da angústia precisamos estar alertas. Sem um bom desenvolvimento de redes e histórias mais amplas, além do possível prejuízo em todos os benefícios citados, ainda encaramos um importante problema social.
“Amigos nos auxiliam no fortalecimento, aconselhamento e desenvolvimento de boas relações nos mais diversos âmbitos. Porém, amigos não substituem uma psicoterapia e uma psicoterapia não substitui as amizades. Pessoas cansadas, assustadas, adoecidas, terão maior dificuldade de estar em boas relações. Além e apesar do histórico, contexto e inúmeros aspectos como os citados acima, outros mais precisam ser levados em consideração”, acrescenta.
Nos rituais da passagem do tempo, as festas de fim de ano são invocadas para celebrar e reatualizar os laços afetivos familiares e de amizade. Confraternizar é renovar a esperança e o desejo de estar na companhia de quem reconhecemos a presença do amor. Cultivar a amizade exige um trabalho preliminar: saber distinguir o amigo verdadeiro do bajulador, o falso.
“Nos fins de ano, as confraternizações são tradição e, por que não, após este conhecimento, olha-las com o carinho e importância que elas têm?”, indaga Bianca Reis.
Sobre Bianca Reis
Psicóloga 03/11.152. Mestra em Família, Pós graduada em Psicoterapia Analítica Clínica, Pós graduada em Estimulação Precoce, Pós graduanda em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, Pós graduanda em Neuropsicologia: Avaliação e Reabilitação Neuropsicológica, Formada em Terapia do Esquema
Foto: Arquivo pessoal/Inteligência Artificial



