

Amanhã, dia 10 de dezembro, o mundo celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Especialistas ligados a cuidados paliativos reforçam a importância do acesso a cuidados fundamentais para garantir dignidade, conforto e alívio do sofrimento em pessoas com doenças graves ou incapacitantes, necessitando de reabilitação.
“O cuidado paliativo ainda é pouco difundido no Brasil. Embora o tema tenha ganhado mais visibilidade nos últimos anos, muitos pacientes e famílias ainda não conseguem chegar a serviços estruturados, seja por desconhecimento, barreiras no sistema de saúde ou falta de orientação adequada”, analisa Lucas Andrade, fundador e VP de novas estratégias e negócios da clínica Florence, dedicada ao segmento há oito anos.
Médico cardiologista, Lucas passou a atuar com cuidados paliativos inspirado tanto pela prática clínica quanto por uma experiência pessoal, ao perceber que esse tipo de suporte poderia garantir mais qualidade de vida a um familiar que passava por um quadro delicado de saúde. Hoje, ele busca ampliar o diálogo sobre acesso e informação relacionados ao tema.
“Quando falamos de direitos humanos, também estamos falando do direito ao alívio da dor, ao cuidado integral e ao respeito à dignidade da pessoa adoentada. Todo paciente deveria ter acesso a cuidados paliativos e processos de reabilitação que tragam mais conforto, autonomia e qualidade de vida”, afirma.
Desinformação
Um dos principais desafios é a persistência da ideia de que cuidados paliativos se aplicam apenas ao fim da vida. Na prática, trata-se de um conjunto de intervenções que pode acompanhar o paciente desde o diagnóstico de uma condição grave, atuando no controle da dor, na mobilidade, na nutrição, na saúde emocional e na comunicação com a família.
“Pessoas que sofreram AVC, vivem com doenças neurodegenerativas ou com limitações severas têm direito a uma rede de reabilitação eficiente. Isso é dignidade humana. Todos merecem cuidado especializado que reduza sofrimento e preserve o máximo possível de funcionalidade”, pondera a médica paliativista Dra. Yanne Amorim. A médica reforça que direitos humanos incluem acolher quem cuida. “Orientação, escuta e participação nas decisões fazem diferença tanto para o paciente quanto para a família”, enfatiza.
Embora existam avanços importantes no país e, desde 2024, o Sistema Único de Saúde conte com a Política Nacional de Cuidados Paliativos, que orienta a oferta desse tipo de assistência em diferentes níveis de atenção, a cobertura ainda é limitada — especialmente fora dos grandes centros urbanos —, o que reforça a importância de serviços especializados para suprir as necessidades de pacientes com doenças graves e condições incapacitantes.
Foto-legenda: Direito humano também é o direito ao alívio da dor, ao cuidado integral e ao respeito à dignidade da pessoa adoentada. Crédito: acervo Florence.



