segunda, 08 de dezembro de 2025
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INVESTIMENTOS DE R$ 1 BILHÃO EM BANCO MASTER ENVOLVEM DIRIGENTES LIGADOS AO UNIÃO BRASIL

VICTOR OLIVEIRA - 08/12/2025 09:56

Dirigentes de dois fundos de previdência no estado do Rio de Janeiro participaram da aquisição de mais de R$ 1 bilhão em papéis do Banco Master, cujos donos são investigados pela Polícia Federal por gestão fraudulenta. Os aportes ocorreram entre novembro de 2023 e julho de 2024, pelo Rioprevidência, que atende aposentados e inativos do governo estadual,  e pelo fundo de previdência de Itaguaí (Itaprevi), sob gestões ligadas ao partido União Brasil.

Em Itaguaí, os investimentos ocorreram apenas duas semanas após Fernanda Pereira da Silva Machado assumir a presidência do fundo. Antes disso, ela havia participado do credenciamento do Banco Master pelo Rioprevidência, abrindo caminho para que o instituto estadual aplicasse recursos no banco. Fernanda foi gerente de controle interno do Rioprevidência no início da gestão de Deivis Marcon Antunes, que assumiu o instituto estadual em julho de 2023 com apoio do partido.

Documentos do Rioprevidência mostram que Fernanda pediu demissão do instituto estadual em 12 de junho de 2024 — mesmo dia em que foi nomeada presidente do Itaprevi. Na semana seguinte, participou da reunião do comitê de investimentos do fundo de Itaguaí, que aprovou aportes “junto a instituições financeiras cadastradas”. Posteriormente, o instituto realizou duas compras de letras financeiras do Master, nos dias 28 de junho e 3 de julho, somando R$ 60 milhões.

No mesmo período, o Rioprevidência realizou os últimos de seus R$ 970 milhões em aportes no Master, iniciados em outubro de 2023. À época, Fernanda ainda integrava o Rioprevidência e aprovou parecer afirmando que o Master “cumpre os requisitos estabelecidos” para receber os aportes, que seriam “responsabilidade exclusiva do Diretor de Investimentos”, cargo ocupado por Euchério Lerner Rodrigues. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) classificou como “notável coincidência” a proximidade entre as nomeações e os aportes.

“Prazo apertado” e alerta sobre risco

Em dezembro de 2024, diante de suspeitas de instabilidade do Master, o conselho de previdência de Itaguaí manifestou preocupação com a “situação crítica em desfavor do banco”, que colocava os investimentos em risco. Conforme a ata da reunião, a presidente do Itaprevi alegou que as compras ocorreram em curto espaço de tempo devido a um “prazo apertado para atingir a meta de investimentos” e solicitou que constasse em ata “a resposta do Rioprevidência”, instituição na qual havia trabalhado e que também enfrentava questionamentos.

Procurada pelo GLOBO, Fernanda afirmou que não interveio na decisão do fundo de Itaguaí de comprar papéis do Banco Master, que teria sido iniciada antes de sua gestão. Ela também determinou investigação interna contra uma servidora que, entre 2018 e 2021, já havia realizado aportes em fundos ligados ao dono do Master, Daniel Vorcaro. Além disso, acionou o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar a atuação do Banco Central, apontando “falhas sistêmicas de fiscalização” que teriam levado fundos de previdência a investir no Master.

Foto: Reprodução

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