

Projetos de inovação, robôs e protótipos construídos do zero, corridas de Fórmula 1 em miniatura e soluções tecnológicas para desafios reais, tudo criado por crianças e adolescentes. Esses são alguns dos destaques do II Festival SESI de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI), que acontece nos dias 12 e 13 de dezembro, na Escola SESI Djalma Pessoa, em Piatã, com realização do Serviço Social da Indústria (SESI) da Bahia, por meio da Escola SESI. O evento tem programação gratuita e inclui competições de alto nível, exposições e oficinas de robótica para todas as idades.
Diferente do que muitos pensam, a robótica vai muito além de programar máquinas para cumprir tarefas. No Festival SESI, os torneios internacionais de robótica FIRST LEGO League (FLL) e STEM Racing mostram que é uma atividade que também envolve postura, compromisso, persistência, sensibilidade e trabalho em equipe. O público vai poder ver tudo isso na prática, com robôs feitos pelos estudantes em ação e carros disputando corridas de Fórmula 1 em uma pista em miniatura. Na arena, os robôs são os protagonistas da competição, e a atmosfera ganha intensidade com as torcidas das equipes.
A experiência fica ainda mais marcante na FLL, que nesta edição alcançou um recorde de 56 equipes inscritas, reunindo 403 competidores de 9 a 15 anos. A modalidade funciona como porta de entrada para um universo fascinante e cheio de possibilidades, em que cada equipe desenvolve um projeto de pesquisa e monta seu próprio robô a partir de peças de kits tecnológicos da LEGO. Ao programar os robôs, os estudantes usam softwares visuais e intuitivos para definir quais missões eles devem executar, como pegar objetos, desviar de obstáculos ou reagir a estímulos captados por sensores de cor, toque ou distância.
Fernando Didier, líder técnico de Robótica Educacional do SESI Bahia e coordenador dos torneios, destaca que a robótica eleva a autoestima dos competidores e viabiliza uma qualificação mais apropriada para o mercado de trabalho, seja nesta área ou em outras similares. “Quando eles entram na robótica, enxergam a realidade por outra lente. Ao trocar experiências com outras equipes não só do Brasil, mas de fora, passam a ver que também são capazes de fazer o mesmo que outros países e, com isso, se empoderam. A robótica dá aos estudantes uma formação diferenciada, ajudando a resolver problemas com mais rapidez e eficiência e a cooperar em grupo”, pontua.
ROBÓTICA ACESSÍVEL – Esse impacto na formação dos jovens se torna ainda mais significativo quando envolve também a rede pública, algo que vem se consolidando com o apadrinhamento realizado pelo SESI a escolas públicas e a equipes independentes, mais conhecidas como “equipes de garagem”, que recebem kits de robótica, mesas de competição, assessoria técnica e treinamento de professores. O apoio não apenas possibilita a participação de instituições da rede pública nos torneios, como também abre portas para que jovens talentos descubram suas habilidades e desenvolvam todo o seu potencial. Nesta temporada, o número de instituições apadrinhadas dobrou, totalizando 14 equipes.
“Sempre acreditei na robótica como uma oportunidade de transformar vidas. Já ouvi vários relatos de ex-competidores que hoje estão desfrutando de uma realidade completamente diferente do que talvez teriam se não tivessem participado. A nossa expectativa é aumentar cada vez mais as oportunidades para escolas públicas que não tinham perspectiva de ir para o nacional, para estarem em igualdade com outras escolas particulares mais competitivas”, realça Didier.
DESENTERRANDO IDEIAS – Na temporada de 2025, o FIRST LEGO League (FLL) assume o tema “UNEARTHED” e incentiva os jovens a explorarem a arqueologia para “desenterrar” descobertas, tecnologias e saberes de civilizações antigas e transformá-los em soluções inovadoras para desafios contemporâneos. Os seis melhores projetos da etapa regional irão garantir vaga no torneio nacional, em São Paulo, e disputar a chance de representar o Brasil no campeonato mundial, em Houston, nos Estados Unidos.
Com essa meta em vista, a equipe RoboLife, da Escola SESI Candeias, que chegou ao nacional na edição passada, desenvolveu a UrnaLife, um equipamento pensado para facilitar o transporte de urnas funerárias indígenas, que podem chegar a 1,5 metro de altura e pesar entre 125 e 250 quilos.
A solução nasceu da dificuldade enfrentada por arqueólogos para transportar essas peças de cerâmica extremamente frágeis dos sítios arqueológicos até os laboratórios sem causar danos ao patrimônio. Trata-se de uma espécie de gaiola de transporte, feita em perfis de alumínio com uma malha que acomoda a urna. A iniciativa contou ainda com o apoio de especialistas da UFRB, da Arqueólogos Consultoria e Pesquisa Arqueológica e do IPHAN no processo de apuração.
CORRIDA PELO CONHECIMENTO – Outra atração que promete chamar atenção no II Festival SESI CTI é a competição internacional STEM Racing, anteriormente conhecida como F1 in Schools. Nela, as equipes precisam criar do zero sua própria escuderia e desenvolver o design de um carrinho de Fórmula 1 para disputar corridas em uma pista reduzida em linha reta. A iniciativa estimula estudantes de 9 a 19 anos a montar uma “empresa júnior”, projetar e modelar o carro, administrar a escuderia e até captar patrocinadores para competir. No fim do festival, três equipes serão enviadas para o nacional, em São Paulo.
CAMINHOS ABERTOS – “As equipes brasileiras se tornaram referências mundiais. Espero que esses jovens que tiveram a oportunidade de participar saibam aproveitá-la e que isso lhes permita ir além do que imaginam, porque o céu não é o limite. A robótica mostra que eles podem ser o que desejam, conquistar espaço e estar onde quiserem. Nossa equipe existe há 13 anos e, nesse período, mais de 120 pessoas passaram pela RoboLife. Hoje temos médicos, engenheiros e advogados formados. É gratificante ver participantes que começaram muito verdes, agora estão no mercado de trabalho”, avalia Clóvis Campagnolo, técnico da equipe RoboLife, que chegou ao nacional da FLL na edição passada.
A integrante da equipe Fernanda Tosta, 15 anos, conta que a robótica transformou totalmente sua vida em diversos aspectos, tanto pessoais quanto profissionais. “A gente aprende muito sobre conceitos de engenharia na montagem e programação, coisas que eu sei que, se eu não estivesse na robótica, eu não aprenderia. Mas também aprendemos a trabalhar em equipe. Construí amizades lá dentro que vou levar para a vida toda. A gente costuma falar que a RoboLife é uma família, e todo mundo ali é irmão”, comenta.
Já para estudantes como Ester Santos, 15 anos, da equipe Chronos, da Escola SESI Itapagipe, que também chegou ao nacional em 2024, a experiência proporcionou, além de muito aprendizado, sua primeira viagem de avião. “Quando me inscrevi na equipe de robótica, não passei no primeiro ano, mas continuei perseverante e consegui entrar no segundo. Foi algo que realmente mudou minha vida. Se eu pudesse voltar no tempo, não mudaria nada, porque a robótica é algo sensacional e eu amo viver tudo isso”, conta Ester.
INCENTIVO DA FAMÍLIA – O apoio familiar costuma ser decisivo na trajetória de um jovem estudante. Em uma fase da vida repleta de desafios escolares, descobertas e ansiedade pelo futuro, a presença de parentes incentivando, reconhecendo a dedicação e celebrando as conquistas fortalece a disciplina, confiança e motivação. Muitas vezes, é esse respaldo emocional que sustenta o adolescente nas longas horas de estudo, nos treinos e nas competições de robótica, por exemplo. Tânia Melo dos Santos, avó de Felipe Gabriel Melo, 13 anos, da equipe TecGold, da Escola SESI Retiro, destaca a importância desse suporte na formação da juventude.
“Esse menino ficou muito compromissado. A vida dele é isso, não fala de outra coisa. Ele ficou mais ativo, comunicativo, disciplinado e organizado. E a gente incentiva bastante porque sabe o quanto ele gosta. Por isso, vou aos torneios para homenageá-lo, para valorizar seu esforço durante o ano. Todos em casa colaboram, cada um do seu jeito, dizendo para ele seguir em frente. É muito importante que pais, avós e familiares estejam presentes em peso, porque quando eles mostram responsabilidade e compromisso no que estão fazendo, a gente deve apoiar sim”, relata.
SOBRE O FESTIVAL SESI – Em sua segunda edição, o Festival SESI de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) transforma a Escola SESI Djalma Pessoa, em Salvador, em um grande encontro de ideias, descobertas e criatividade. Nos dias 12 e 13 de dezembro, o público terá acesso gratuito a uma programação vibrante que reúne a Feira Nacional de Iniciação Científica (FENIC), o Torneio Regional de Robótica FIRST LEGO League, a seletiva do STEM Racing, oficinas práticas no Buzu Tec, laboratório de ciência interativa, cubo mágico, jogos de tabuleiro e de realidade virtual, espaço kids, atrações culturais e um concurso de cosplay. Mais do que um evento, o festival é um convite para que estudantes, famílias e educadores vivenciem a ciência de forma acessível e inspiradora, descobrindo na prática como tecnologia, inovação e arte podem abrir caminhos para o futuro.
SERVIÇO:
Torneios de Robótica – II Festival SESI de Ciência, Tecnologia e Inovação
Data: 12 e 13 de dezembro (sexta-feira e sábado)
Local: Escola SESI Djalma Pessoa
Endereço: Av. Orlando Gomes, 1737 – Piatã, Salvador – BA, 41650-010
Torneio Regional FIRST LEGO League (FLL)
Horário: Sexta-feira (12) – 9h às 18h | Sábado (13) – 9h às 16h30
Foto 1: Antônio Cavalcante / Foto 2: Valter Pontes / Coperphoto / Sistema FIEB