domingo, 23 de novembro de 2025
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FESTIVAL SALVADOR CAPITAL AFRO 2025 DEBATE CRIAÇÃO DE CONTEÚDO E SABORES DA DIÁSPORA NO BAIRRO DO COMÉRCIO

João Paulo - 23/11/2025 10:27

Nesta sexta-feira (22), as atividades do Festival Salvador Capital Afro começaram às 10h com o painel “Vozes Negras”, no Auditório Makota Valdina, sob a curadoria da Lista Preta. Participaram Nati Junqueira, Math Power e Anderson Simplício, com mediação de Alexandre Santana, discutindo a comunicação digital como ferramenta de fortalecimento das periferias.

Para compreender a diáspora africana, é fundamental destacar as regiões portuárias, que marcaram a entrada desses indivíduos em novos mundos. Por serem locais de chegada, eram também espaços de contato e mistura de diferentes realidades.

“É um festival enriquecedor. Precisamos e merecemos um evento como este na nossa cidade. A importância desse movimento e dos painéis é extrema. Temos muito a ganhar e a crescer com a forma como este projeto se apresenta em Salvador. Estou confortável em compartilhar a minha história, o que vivo e meu trabalho”, afirmou Mari Carvalho, destaque empresarial na preparação de camarins de artistas nacionais e internacionais no Brasil.

O processo da diáspora africana consistiu em uma trama complexa, envolvendo desde a captura de homens e mulheres em diversas sociedades africanas até a travessia do Oceano Atlântico em navios negreiros, a inserção violenta e brutal em um novo contexto e a construção de novas identidades. O Brasil foi a região americana com o maior número de escravizados e, por isso, carrega até hoje as marcas das diversas culturas do continente africano.

“Estamos observando um aumento nos espaços de debate e painéis de qualidade. Hoje, estamos aqui com pessoas da França se conectando à nossa economia potente e produtiva em Salvador. Como membro da CUFA na França, estou aqui participando como plateia e aprendendo. Estamos realizando a ExpoFavela em várias partes do mundo e, assim, nos conectando a essa grande economia global. O povo negro movimenta mais de 1 trilhão na economia mundial, e é importante que Salvador compreenda isso. Não somos coitadinhos. Nosso povo foi escravizado, mas, a cada dia, se aquilombou, compartilhando tecnologia e, acima de tudo, estabelecendo o ‘black money’”, ressaltou Márcio Lima, assistente social e presidente da Central Única das Favelas na Bahia.

Das 11h às 12h30, o Auditório Makota Valdina também sediou o painel “Sabores da Diáspora: cozinhar é também resistir”, com Ruth Martins, Ramatoulaye Konaté, Jorge Washington e Mariana de Jesus, que discutiram a gastronomia afro-baiana como memória, criatividade e patrimônio.

Para Anderson Simplício, criador do “Belezas do Subúrbio”, uma página digital que destaca as belezas do Subúrbio Ferroviário de Salvador, o Festival Salvador Capital Afro 2025 é de suma importância. Ele proporciona a oportunidade de dar voz ao seu trabalho como comunicador, dialogando sobre uma região frequentemente invisibilizada e mostrando outros ângulos do cotidiano da Cidade Baixa.

Os sabores da diáspora africana refletem a rica herança cultural e alimentar que se expandiu ao longo do tempo. A culinária afro-brasileira, por exemplo, é marcada por ingredientes como azeite de dendê, inhame e mandioca, que carregam simbolismos e memórias africanas. Esses sabores não apenas representam a resistência cultural, mas também afirmam a identidade e a memória dos africanos que se deslocaram para o Brasil e outros países.

À tarde, das 14h às 17h30, o Auditório Makota Valdina recebeu o “Inventivos Talks”, com conversas sobre inovação, empreendedorismo negro e criatividade. A palavra “inventivo” refere-se a algo que demonstra criatividade, originalidade e capacidade de criar soluções inovadoras.

“Sou criadora de conteúdo, mas minha formação é em Design de Moda. Para mim, é muito importante estar em ambientes como este. Falando pontualmente sobre hoje, trazer à tona a produção de conteúdo numa perspectiva periférica é vital. É crucial dar visibilidade a pessoas incríveis da periferia. Esse movimento empodera bastante a população negra aqui em Salvador”, afirmou Natália Junqueira, criadora de conteúdo há 10 anos e moradora do bairro de Pernambués.

As atividades compõem o eixo temático desta edição, “Territórios em Rede, Raízes em Movimento”, que conecta bairros, profissionais, coletivos e linguagens artísticas. Após as ações no Comércio, o Festival seguirá para mais uma parada no dia 27/11, na Ilha Maré.

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