

A Estação Rodoviária se transformou em um espaço de celebração, reflexão e pertencimento nesta quarta-feira (19), quando o Metrô Bahia promoveu uma programação especial em homenagem ao Novembro Negro. A iniciativa gratuita reuniu oficina de turbantes, apresentação artística do Projeto Axé e a exposição fotográfica Memória e Legado.
Logo cedo, clientes que circulavam pela estação foram surpreendidos com uma oficina de turbantes ministrada por mãe e filha, as esteticistas afro Carol Cruz e Janete Santos. A proposta da atividade foi valorizar a estética afro-brasileira, promover identidade e fortalecer a autoestima das pessoas negras que circulam diariamente pelo sistema metroviário de Salvador e Lauro de Freitas. O espaço, preparado com manequins de cabeça e tecidos vibrantes, se tornou um ambiente de troca e muito aprendizado. A atividade disponibilizou material para a confecção de 100 turbantes e cada participante pôde levar sua peça para casa.
“Sempre quis fazer turbante, mas tinha dificuldade. Além disso, tinha dificuldade de encontrar o tecido nessa qualidade e nessas cores. Aqui eu encontrei o tecido e as dicas onde comprá-los”, contou a auxiliar de dentista, Ana Lucia Conceição.
“Essa oficina atendeu às nossas expectativas e as pessoas que participaram ficaram maravilhadas com essa ideia do metrô Bahia, de trazer uma ação como essa para a estação. Todas as pessoas que pararam aqui saíram felizes. Muitas mulheres que estiveram na oficina, relataram que sentiam vontade de fazer o turbante mas tinham dificuldade por não saber fazer ou por não encontrar o turbante. Aqui elas aprenderam e ainda levaram o tecido para casa para treinar”, explicou Janete Santos.
Paralelamente à oficina, esteve em cartaz a exposição Memória e Legado, também na Estação Rodoviária. A mostra, que segue aberta ao público até 12 de dezembro, homenageia pessoas que dedicaram suas vidas à promoção e à proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais.
A exposição teve também um caráter educativo importante, na medida em que disseminou informações iconográficas e textuais sobre defensoras e defensores de direitos humanos. A intervenção artística pretendeu transformar a estação em um espaço de diálogo, acolhimento e conscientização.
Para Cleo Garcia, gerente de terminais e estações do Metrô Bahia, ações como essas são fundamentais para construir uma sociedade mais inclusiva e igualitária. “Ver os nossos clientes se envolverem com as atividades que preparamos para o Novembro Negro é uma grande alegria e demonstração de que nosso sistema vai além do transporte, oferecendo ações culturais e de cidadania. A oficina de turbantes trouxe sorrisos e muita autoestima, enquanto a exposição e a apresentação artística do Projeto Axé levaram conhecimento e música à Estação Rodoviária. É exatamente isso que queremos: transformar nossos espaços em locais de encontro, celebração e valorização da nossa cultura”, destacou.
Desfile performático do Projeto Axé
No período da tarde, a celebração ganhou ritmo e emoção com um desfile performático protagonizado por 12 crianças e adolescentes do Projeto Axé, que transformaram a estação em um verdadeiro palco de música, dança e ancestralidade.
O momento também marcou um desfile inédito, com roupas criadas pelos próprios jovens do projeto. As peças, inspiradas na cultura afro-brasileira e nos orixás, uniram moda, história e identidade. “Cheguei ao Axé aos 7 anos. Estar aqui, como uma menina negra construindo meu espaço na moda, me deixa muito feliz”, contou Ana Beatriz, 15 anos, que integra o projeto há oito anos.
Para a arteeducadora da Modaxé, Germana Portela, cada peça carrega memória, voz e presença do povo. “Nossa coleção foi criada para celebrar a ancestralidade e a beleza afro-brasileira. No dia 20 de novembro vestimos orgulho, história e a força de quem constrói o futuro com as próprias mãos. Vestimos Axé!”
Também participante do desfile, o jovem Yago dos Santos Silva, 17 anos, contou que estava nervoso por se apresentar em um ambiente aberto e com grande circulação de pessoas, realidade diferente das apresentações habituais em teatros e espaços fechados. Ainda assim, disse estar feliz por integrar um momento tão especial para ele e todos do projeto. “Vamos apresentar roupas afro, bolsas, acessórios e referências ao Ilê e aos orixás”, considerou.
Para o supervisor de dança do projeto, Bruno de Jesus, levar essa vivência ao metrô amplia a potência da mensagem que o grupo busca transmitir em cada apresentação. “O metrô é um lugar de pertencimento. Aqui, jovens negros celebram sua ancestralidade e sua forma de existir no mundo. A arte, reunida em diferentes linguagens – moda, dança, música – cria essa encruzilhada que transforma cada um em protagonista de sua própria história”.
Foto: Cristiani Cardozo/Ascom SJDH



