quarta, 19 de novembro de 2025
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DESEMPREGADA E MORANDO COM OS PAIS, GERAÇÃO Z CAUSA ROMBO DE US$ 12 BI NO CONSUMO

João Paulo - 19/11/2025 14:58

A Geração Z não está bem — esse é o diagnóstico oficial da Oxford Economics após uma profunda análise das perspectivas econômicas desse grupo. De fato, o mercado de trabalho travado — sem contratações nem demissões —, moradia cara e baixo crescimento salarial apontam para um cenário em que os trabalhadores mais jovens podem enfrentar “cicatrizes de longo prazo”, segundo estudo.

Mas o futuro sombrio da Geração Z não afeta apenas esses jovens — está tendo consequências mais amplas na economia como um todo. Um novo relatório da Oxford Economics revela não apenas o nível de atividade perdido porque a Geração Z não consegue entrar no mercado de trabalho, mas também o impacto financeiro de ainda viver com os pais — e, como resultado, consumir menos.

O relatório, intitulado “As coisas não vão bem com os jovens”, descreve como US$ 12 bilhões por ano são perdidos porque os mais novos gastam menos com moradia, transporte e alimentação ao continuar vivendo na casa da família. Um dos principais fatores que determinam as perspectivas da Geração Z é o mercado de trabalho, onde a taxa de contratação está em queda desde 2022 e agora registra 3,2%, bem abaixo da média histórica e semelhante ao período da pandemia de covid.

“Para os jovens trabalhadores, o estado do mercado de trabalho é a peça mais importante do quebra-cabeça para determinar a saúde econômica geral, já que esses indivíduos ainda não tiveram a oportunidade de acumular riqueza”, escreve a economista associada Grace Zwemmer. “Jovens trabalhadores são mais vulneráveis a recessões, e um mercado de trabalho fraco pode ter impacto negativo duradouro no crescimento salarial e no potencial de ganhos.”

Candidatos da Geração Z — atualmente entre 13 e 28 anos — enfrentam múltiplas barreiras para conseguir um emprego. Com as contratações em queda, o desemprego cresce especialmente rápido entre os menos experientes: a taxa de desemprego entre jovens de 16 a 24 anos está bem acima da média nacional. Enquanto o índice geral dos EUA gira em torno de 4% (média móvel de três meses), quem tem entre 16 e 19 anos enfrenta 14%, e aqueles entre 19 e 24 anos ficam em cerca de 9%, segundo dados da Oxford.

Ao analisar os motivos para o desemprego da Geração Z em 2025, surgem três categorias principais: recém-formados tentando entrar no mercado, jovens que perderam empregos temporários e aqueles que foram demitidos. “Quando as condições do mercado de trabalho pioram, os jovens são geralmente os primeiros a serem dispensados”, acrescenta Zwemmer.

Além disso, um mercado apertado significa que, mesmo aqueles que arranjam um emprego não conseguem pular de uma empresa para outra para aumentar renda e experiência.

“Normalmente, trabalhadores jovens se beneficiam de um crescimento salarial acima da média no início da carreira, já que o aprendizado rápido de novas habilidades ajuda nas promoções, e a maior mobilidade permite trocar de empregador para obter aumentos mais expressivos em menos tempo”, explicou a economista. “Mas isso não está acontecendo neste ciclo. Ao contrário: a mobilidade ascendente estagnou, e o crescimento salarial caiu com mais força entre os trabalhadores de 16 a 24 anos.”

Fundamentos frágeis

Essa dificuldade de ingresso ou progressão no mercado faz com que a Geração Z se comporte de forma diferente das gerações anteriores na mesma idade. Sem emprego estável, muitos não têm condições financeiras de sair da casa dos pais e começar a pagar aluguel, contas e supermercado.

“Estimamos que haja 1 milhão a mais de jovens adultos entre 22 e 28 anos vivendo com os pais do que antes da pandemia”, disse Zwemmer, acrescentando que dados do Federal Reserve de Nova York sugerem que essa redução de consumo equivale a US$ 12 bilhões.

Para quem tem esperança de independência futura, há um alento: os millennials passaram por algo parecido. Segundo o estudo, durante a Grande Recessão, a proporção de jovens de 22 a 28 anos vivendo com os pais subiu de 27% para 32% e permaneceu elevada por anos — “um sinal dos efeitos permanentes de salários baixos no início da carreira e de condições de crédito mais restritas”. Ainda assim, em 2025, 55% dos millennials possuem casa própria — mesmo com preços recordes e juros altos mantidos pela política do Federal Reserve.

Mas, até que haja algum alívio no mercado, a preocupação da Geração Z é compreensível. “Uma pior percepção das condições de trabalho — que para jovens adultos é o principal determinante do bem-estar financeiro — está tornando essa geração mais pessimista e pode deixá-la mais cautelosa com o consumo”, concluiu Zwemmer.

(Foto: kyonntra/Getty Images/The New York Times Licensing Group)

 

 

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