

A prefeita Eliete Andrade Araújo está segurando desde o mês de junho a liberação da suplementação orçamentária solicitada pela Câmara Municipal de Nordestina. A medida é essencial para o funcionamento da Casa Legislativa, mas a gestora vem mantendo o bloqueio, o que pode resultar no atraso do pagamento de vereadores e servidores.
O duodécimo da Câmara aumentou em 2025, mas o Quadro de Detalhamento da Despesa (QDD) aprovado em 2024 ficou desatualizado. Sem a suplementação, o Legislativo não consegue ajustar suas contas nem cumprir obrigações básicas. Além disso, a lei aprovada em 2022, que garante um assessor para cada vereador, começou a valer este ano e depende diretamente dessa liberação para ser executada.
De acordo com o presidente da Câmara, Edvaldo Góes da Silva, há dinheiro em caixa, mas para que as despesas da Casa sejam honradas é necessária a suplementação orçamentária, que depende exclusivamente da prefeita. Segundo ele, situações semelhantes já ocorreram em várias cidades da região sisaleira, onde os prefeitos compreenderam a importância da medida e autorizaram a liberação para garantir o funcionamento regular do Legislativo.
Em Nordestina, porém, a prefeita Eliete Andrade mantém o bloqueio há mais de quatro meses, travando a Câmara e comprometendo a folha de pagamento. A atitude tem gerado críticas e aumentado a tensão entre os poderes. Para muitos, a gestora está usando o poder político para retaliar a Câmara, que hoje é composta majoritariamente por vereadores independentes e oposicionistas.
O presidente da Casa Edvaldo Góes da Silva, (Edinho) foi direto:
“Não faltam recursos em caixa, falta apenas a prefeita liberar a suplementação.”
Antes era fácil, agora virou perseguição
Nos anos anteriores, a relação entre a Prefeitura e a Câmara era de total alinhamento político. A Casa Legislativa era aliada da gestão municipal, devolvia recursos ao Executivo e nunca teve autorização para que cada vereador contasse com um assessor parlamentar, mesmo com a lei de 2022 já em vigor.
Agora, com a Câmara mais independente e composta em sua maioria por parlamentares que não seguem as ordens da prefeita, a realidade mudou. O que antes era facilidade e cooperação virou bloqueio e retaliação.
Crise e judicialização
Dias atrás, a gestora já passou por apuros ao ser cobrada pela Câmara não apenas pela suplementação, mas também pelo repasse do duodécimo atrasado. O valor só foi repassado após a interposição de um mandado de segurança pela Casa Legislativa.
Agora, a suplementação orçamentária também foi judicializada, já que a prefeita não respondeu aos ofícios enviados pela Câmara, obrigando o Legislativo a ingressar com novo mandado de segurança para garantir o direito previsto em lei.
Mesmo assim, a situação poderia ser facilmente resolvida pela própria gestora, bastando publicar a suplementação no Diário Oficial do Município. Com essa simples ação administrativa, o mandado de segurança seria imediatamente baixado, evitando mais um desgaste político e jurídico.
Se a prefeita Eliete Andrade Araújo fosse mais compreensível, estaria ajudando o Legislativo, sua base governista e todos os servidores da Câmara, fortalecendo a harmonia entre os poderes e o bom funcionamento do município.
No entanto, a prefeita parece optar pelo confronto, acumulando críticas e ampliando o clima de instabilidade política. Lembrando que ela já responde a diversos processos judiciais relativos à sua campanha eleitoral de 2024, o que agrava ainda mais o cenário de tensão em Nordestina.
Composição da Câmara Municipal de Nordestina
Vereador independente:
Vereadores aliados ao grupo político do então candidato em 2024, Jeosafa Carneiro:
Vereadores ligados à base da prefeita Eliete Andrade:
Com a suplementação travada desde junho e o risco de atraso nos salários, a prefeita Eliete Andrade Araújo enfrenta pressão crescente para liberar os recursos e evitar um colapso administrativo dentro do próprio município.
Enquanto o impasse não é resolvido, sua gestão segue sob fortes críticas, acusada de usar o poder político como instrumento de retaliação e de colocar interesses pessoais acima da responsabilidade institucional e do bem da cidade.
Com cada nova ação, a prefeita Eliete Andrade Araújo parece brincar com o limite da legalidade. A insistência em reter recursos da Câmara, ignorar ofícios e provocar judicializações desnecessárias demonstra uma postura autoritária e desrespeitosa com o princípio da separação dos poderes.
Em vez de promover diálogo e estabilidade, a prefeita escolhe o caminho da imposição e da disputa política. E, nesse cenário, quem paga o preço é a população de Nordestina, que assiste à paralisia administrativa provocada por quem deveria governar com equilíbrio, bom senso e compromisso público.



