

O ex-diretor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Ricardo Galvão (Rede-SP) assumiu o cargo de deputado federal no lugar de Guilherme Boulos (PSOL-SP), que tomou posse como ministro da Secretaria-Geral da Presidência do governo Lula nesta quarta-feira, 29.
“Comunico oficialmente que deixo a presidência do CNPq para defender a ciência no Congresso Nacional”, escreveu em publicação no Instagram nesta quinta-feira, 30. “A ciência é o caminho, a democracia é o alicerce e a sustentabilidade é o destino.”
Em 2019, à frente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), contestou críticas do então presidente Jair Bolsonaro (PL) aos dados de desmatamento na Amazônia.
Na época, Bolsonaro acusou o Inpe de divulgar “números mentirosos”. Galvão defendeu publicamente o trabalho da equipe e afirmou que os dados eram precisos e auditáveis, o que levou à sua exoneração do cargo de diretor do instituto.
Na postagem em que anunciou a chegada ao Congresso, ele disse que “o negacionismo tentou calar a ciência”, mas que “hoje, a ciência brasileira ocupa um lugar na Câmara dos Deputados”.
Ao Estadão, Galvão afirmou que terá as pautas do meio ambiente, da defesa dos investimentos em ciência e tecnologia e a educação como prioridades. “A pauta principal é a questão climática, a linha de ação da Rede, e razão pela qual entrei na política”, disse.
Ele mencionou como exemplo de pauta orçamentária de seu interesse uma tentativa de parlamentares de reduzirem o orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Também defendeu a repatriação de cientistas brasileiros para trabalhar no setor industrial nacional e a soberania de tecnologias desenvolvidas, mencionando como exemplo as terras raras, tema que move a atual geopolítica global.
Antes de confirmar se assumiria o cargo, o pesquisador também se comprometeu em “atuar em alguma agenda inacabada” do mandato de Boulos.
Nascido em Itajubá (MG), Ricardo Magnus Osório Galvão tem doutorado em Física de Plasmas pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, da sigla em inglês), nos Estados Unidos. É professor titular aposentado do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da Academia Brasileira de Ciências.
Também já foi eleito uma das dez pessoas mais importantes para a ciência pela Nature, uma das principais revistas científicas do mundo, em 2019.
Fonte: Estadão Conteúdo
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil



