

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma nova reunião com ministros para a manhã desta quarta-feira no Palácio da Alvorada para tratar da crise de segurança pública no Rio de Janeiro. Integrantes do governo dizem ao GLOBO que Lula não tinha a dimensão do tamanho da crise, que já deixa ao menos 64 mortos, durante seus voos de volta do Sudeste Asiático.
O deslocamento durou o dia todo, e o avião de Lula pousou em Brasília, vindo de Joanesburgo, por volta das 20h30. Os ministros Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social) estão entre os convocados para o encontro com Lula. Deve participar, também, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
De acordo com um integrante do alto escalão do governo que participou da reunião convocada por Alckmin sobre o tema na noite desta terça-feira, os membros da comitiva de Lula ficaram, na maior parte dos voos de volta de Kuala Lumpur, incomunicáveis, mas o avião usado permite o recebimento de algumas mensagens de texto.
Um membro da comitiva de Lula ao Sudeste Asiático disse ao GLOBO que não sabia de nada sobre a crise de segurança pública no Rio até o pouso em Brasília. A reunião convocada por Alckmin teve a participação de Rui Costa, Jorge Messias (Advocacia Geral da União) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos), além de representantes do Ministério da Defesa, da Polícia Federal, e do Exército. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, participou por telefone porque estava em uma agenda no Ceará.
Na reunião com Alckmin representantes das forças de segurança federais relataram não terem sido informados previamente sobre a operação no Rio. Mais cedo, Lewandowski disse publicamente que não foi consultado nem informado pelo governador Cláudio Castro (PL) sobre a operação policial.
Pela manhã, Castro cobrou “um trabalho de integração muito maior com as forças federais” e disse que pediu o apoio de blindados das Forças Armadas três vezes, mas os pedidos foram negados, o que foi visto pelo governo federal como uma crítica política. Os pedidos do governador foram negados porque a cessão de blindados exigiria a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), operação por meio da qual as Forças Armadas exercem atividades de segurança pública de maneira provisória. A GLO pode ser pedida pelo governador, que não o fez.
“Todo mundo estava surpreso com a operação que foi realizada hoje, uma operação dessa magnitude. Para ter sucesso, operações grandes como essa têm que ser integradas com participação do governo federal”, disse Gleisi ao GLOBO após a reunião com Alckmin. A ministra ressaltou que o governador do Rio nunca solicitou ao governo federal a decretação de uma GLO. No meio da tarde, Castro telefonou para Gleisi e, segundo ela, reconheceu que não fez pedidos de GLO nem de equipamentos para a operação desta terça-feira. “O que ele (Castro) pediu foram equipamentos. Não pediu GLO, teria que ter pedido. Como o governo vai intervir e fazer uma GLO em uma situação que não é pedida? Não é uma coisa simples”, salientou Gleisi.
Em nota, a Casa Civil disse que Rui Costa telefonou para Castro e “comunicou a disponibilidade de vagas em presídios federais para receber” líderes de facções criminosas e pediu “a realização de uma reunião de emergência na capital fluminense” com ele e Lewandowski nesta quarta, mas o encontro no Rio de Janeiro ainda não foi confirmado.
(Foto: Reprodução/Radio Piatã)
Agência O Globo