sexta, 24 de outubro de 2025
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CARTEIRA DE CRÉDITO DEVE CRESCER 1,1% EM SETEMBRO, DIZ FEBRABAN

Bruna Carvalho - 24/10/2025 12:40

O saldo da carteira de crédito total deve crescer 1,1% em setembro, com o ritmo de crescimento anual desacelerando de 10,1% para 9,9%, voltando para o nível de um dígito, algo que não ocorria desde maio de 2024, revela a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban. O resultado do crédito no mês de setembro apresenta elevação ante o crescimento de 0,5% registrado pelo Banco Central em agosto.

A pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Crédito do Banco Central. As projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país. O Banco Central divulgará os números oficiais no próximo dia 29 de outubro.

De acordo com o levantamento, a alta de setembro deve-se à carteira destinada às empresas, com crescimento de 1,7%, mantendo-se impulsionada pelos recursos direcionados (+1,8%), sustentada por programas governamentais e recursos via BNDES. Esse resultado deve manter a carteira PJ Direcionada em aceleração, passando de 16,2% para 17,8%, maior nível de expansão desde junho de 2021.

A carteira PJ com recursos livres deve subir 1,6% no mês, beneficiada pela sazonalidade positiva das linhas de descontos de recebíveis (especialmente risco sacado), que normalmente crescem no fim dos trimestres. De toda forma, a carteira PJ Livre deve seguir com baixo dinamismo, com alta em 12 meses de apenas 3,5% (ante 4,5% no mês anterior), em meio à política monetária contracionista, à majoração da alíquota do IOF e à competição com as linhas com recursos direcionados

O crédito destinado às famílias deve crescer 0,7% no mês, com altas similares entre as carteiras com recursos livres (+0,8%) e direcionados (+0,6%). A carteira livre deve manter a tendência de ligeira desaceleração em 12 meses (de 12,2% para 12,0%), mas com continuidade do movimento de piora na composição, com o crescimento sustentado por linhas de maior risco (rotativas).

Já a carteira PF Direcionada deve crescer bem abaixo do registrado em setembro do ano passado (+1,5%), com o ritmo de expansão em 12 meses desacelerando para o menor nível desde julho de 2020 (+9,1%, ante +10,0%), devido ao desempenho mais fraco do crédito rural, diante do aumento da inadimplência no setor.

“No geral, o resultado da pesquisa segue indicando uma desaceleração mais disseminada do crédito, cujo ritmo de crescimento deve ter caído para a faixa de 1 dígito em setembro. O crédito livre mantém trajetória mais clara de perda de fôlego, especialmente nas operações para empresas, que sente o impacto da majoração recente do IOF, além da política monetária contracionista”, destaca Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.

“Para as famílias, a direção é similar, mas com um ritmo de desaceleração mais contido, dado o aumento da participação de linhas mais arriscadas na carteira, o que naturalmente traz preocupações quanto à dinâmica da inadimplência. A exceção segue vindo do crédito direcionado às empresas, que continua impulsionado pelos programas públicos e recursos do BNDES, que tem contribuído para suavizar a desaceleração do crédito total”, complementa o diretor.

Concessões

As concessões de crédito devem apresentar expansão mensal de 8,9% em setembro. Ajustando pelo número de dias úteis, o resultado representa uma expansão de 3,9% na margem. A alta no mês (com ajuste de dias úteis) reflete, principalmente, o forte volume de operações com recursos direcionados (+5,9%), especialmente às empresas.

Na comparação com setembro de 2024, que elimina efeitos sazonais, o resultado indica uma alta de apenas 3,1%, mantendo a tendência de desaceleração do ritmo de expansão acumulado em 12 meses das concessões, que deve cair de 11,4% para 10,6%, reforçando os sinais de acomodação do crédito.

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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