A capital baiana é o centro das atenções ambientais globais nesta quarta-feira (22), ao sediar a primeira Conferência Anual Plastic Reboot, uma iniciativa internacional de combate à poluição plástica liderada pela ONU, GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente) e WWF, com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A conferência marca o início de uma nova fase no enfrentamento ao uso de plásticos descartáveis nos setores de alimentos, bebidas e turismo, um dos grandes desafios ambientais contemporâneos.
Mais do que sede do evento, Salvador também foi escolhida como uma das cinco cidades-piloto do projeto nacional Plastic Reboot, fortalecendo seu papel de vanguarda na agenda ambiental urbana. A escolha reconhece o histórico de políticas inovadoras implementadas na cidade e a capacidade do município integrar soluções circulares em contextos turísticos e urbanos complexos. A sessão de abertura, realizada no Fera Palace Hotel, no Centro Histórico, contou com representantes de 15 países da África, Ásia e América Latina, além de autoridades brasileiras e lideranças internacionais do setor ambiental.
Para Ivan Euler, secretário de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal (Secis), o protagonismo de Salvador é estratégico.
“Salvador tem mostrado, nos últimos anos, um compromisso firme com a pauta ambiental e com a inovação em políticas públicas. Estar no centro deste debate global sobre economia circular e combate à poluição plástica é mais do que simbólico, é uma oportunidade real de acelerar soluções concretas e impactar positivamente o setor turístico da nossa cidade, que é um dos mais sensíveis ao problema do plástico descartável”, afirmou.
Além de sua atuação local, Salvador assume uma posição de liderança regional ao se tornar uma referência internacional em soluções circulares e resiliência urbana. A cidade será um dos territórios onde o programa irá testar e adaptar políticas como a substituição de plásticos de uso único, o redesenho de embalagens e a implementação de incentivos regulatórios, como a Responsabilidade Estendida do Produtor (EPR). Essa ação direta no setor HORECA (hotéis, restaurantes e cafés) poderá gerar aprendizados valiosos para outras cidades costeiras no Brasil e no exterior.
Lançamento – Durante a conferência, o Brasil lançou oficialmente seu projeto nacional dentro da iniciativa Plastic Reboot, com foco na redução do consumo e descarte de plásticos descartáveis no setor de alimentos, bebidas e turismo, que responde por aproximadamente 40% do uso global de plásticos.
Os projetos-piloto serão implementados nas cidades de Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Belém (PA) e na Baixada Santista (SP), com ações previstas para redesenho de produtos, incentivos à reutilização e fomento à inovação local.
A iniciativa Plastic Reboot é financiada por mais de US$ 100 milhões, destinados aos 15 países envolvidos no projeto, e atua com uma abordagem de ciclo de vida completo do plástico, desde a produção até o descarte, promovendo a transição para sistemas circulares e sustentáveis. O Brasil, como país anfitrião, assume papel central na articulação entre ciência, políticas públicas e inovação.
Todos os anos, o mundo produz mais de 400 milhões de toneladas de plástico, e quase metade é usada apenas uma vez antes de ser descartada. Apenas 9% de todo o plástico global é reciclado, segundo dados da OCDE. A cada minuto, o equivalente a um caminhão de lixo plástico é despejado nos oceanos. Estima-se que 7 bilhões das 9,2 bilhões de toneladas de plástico produzidas entre 1950 e 2017 viraram resíduos — muitos dos quais ainda persistem no meio ambiente.
O Plastic Reboot propõe ações práticas e sistêmicas, como o incentivo a embalagens reutilizáveis, novos modelos de negócio sustentáveis e parcerias com o setor privado para estimular a economia circular.
Foto: Ascom Secis