O Ilê Aiyê acaba de lançar o tema “Turbantes e Cocares: a história de resistência do povo afro e indígena de Maricá” para o Carnaval de 2026. A escolha reafirma o papel do bloco como guardião da ancestralidade e voz ativa na valorização da identidade afro-brasileira. A ideia é celebrar a conexão entre Bahia e Rio de Janeiro e destacar a força de um território marcado pela diversidade cultural e pela herança dos povos africanos e indígenas.
Segundo o presidente Antônio Carlos Vovô, cada tema do Ilê é uma lição de história, uma forma de ensinar, celebrar e resistir. Desta vez, a escolha reforça a parceria do bloco com a cidade de Maricá, que nos últimos três anos vem desenvolvendo o projeto “Ilê in Maricá”. A iniciativa oferece oficinas e cursos de formação gratuitos de cultura afro em comunidades de Maricá, no Rio de Janeiro, como dança, percussão e estética, com aulas de tranças e turbantes.
Em 2026, o Ilê Aiyê amplia essa conexão ao levar para a avenida a história e a simbologia de Maricá, retratando sua diversidade cultural, beleza natural e riqueza geográfica. O bloco vai destacar os elementos que compõem sua identidade afro-indígena, e relembrar a presença de importantes quilombos que fizeram da região um território de resistência, como os de Bacaxá, São Bartolomeu, Lagoinha, Ingá e Itaocaia. Além disso, o Ilê vai reverenciar personalidades locais que contribuíram para manter viva a memória e a força afro-indígena em Maricá.
“Escolhemos esse tema porque ele ajuda a conscientizar e fortalecer a autoestima de uma cidade fortemente negra, que muitas vezes não reconhece toda a sua riqueza cultural. Ao celebrar Maricá, queremos que as pessoas negras e indígenas se vejam refletidas nessa história e se reconheçam como parte fundamental dela. Agora, com a recém-inaugurada Universidade Livre do Carnaval (Unicarnaval) em Maricá, teremos um espaço fixo para desenvolver oficinas de percussão, dança, estética e formação cidadã, ampliando o trabalho que já vem sendo realizado”, afirma o presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos Vovô.
Carnaval político e pedagógico – Enquanto o tema de 2025, “Kenya: Berço da Humanidade”, voltou-se diretamente para o continente africano, o do próximo Carnaval prestará homenagem a uma cidade brasileira. “Queremos não só mostrar os países africanos, mas também o Brasil negro. Já homenageamos, por exemplo, o povo negro de Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, porque tratamos esses territórios como verdadeiras nações africanas. É importante que o Brasil conheça mais de si mesmo por meio da música, da estética e dos tecidos que expressam nossa ancestralidade”, completa Vovô.
Ao resgatar essa história, o Ilê Aiyê reforça sua vocação de transformar o Carnaval em instrumento político e pedagógico. Assim como os povos de Maricá resistiram à escravidão e à expropriação, o primeiro bloco afro do Brasil, fundado em 1974, no Curuzu, segue há 50 anos defendendo a dignidade e a autoestima do povo preto. Em 2026, a avenida será novamente uma sala de aula a céu aberto, onde os tambores ecoarão as vozes de quem sempre lutou por liberdade.
Hoje, Maricá mantém viva a presença indígena, com aldeias Guarani Mbya e comunidades tradicionais que preservam saberes ancestrais, como os pescadores de Zacarias. Essa convivência entre passado e presente inspira o Ilê a celebrar a continuidade da resistência, mostrando que turbantes e cocares seguem firmes diante do tempo, como símbolos de fé, força e pertencimento. Ao conectar o Rio de Janeiro e a Bahia, o Ilê Aiyê reafirma que a herança afro-indígena é a b…
Legenda: Band’Aiyê I Escola de Samba União de Maricá I diretoria Ilê Aiyê I Crédito: Fafá Araújo