Com o clima mais ameno e a queda no consumo de produtos sensíveis ao calor, setembro registrou o pior desempenho do ano para o varejo alimentar, é o que indicam dados do Radar Mensal da Scanntech, líder em inteligência de dados para o varejo alimentar. Segundo o estudo, mesmo com o crescimento do faturamento em 2,5%, as vendas em unidades no varejo caíram -3,6%, com alta de 6,3% nos preços, principal responsável por elevar o faturamento do mês, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O desempenho mais fraco de setembro foi impulsionado principalmente pela cesta de bebidas, que apresentou retração de -11,2% nas vendas em unidades e queda de -4,3% no faturamento em relação a 2024. Dentro desse grupo, as bebidas alcoólicas recuaram -17%, enquanto as não alcoólicas tiveram redução de -7,5%, reflexo direto das temperaturas mais baixas no período.
A cesta de mercearia também contribuiu para o resultado negativo, com queda de -3% nas vendas em unidades, influenciada especialmente por categorias de indulgência, como chocolates e biscoitos, que concentraram -79% da retração observada neste segmento.
“Há alguns meses temos observado como o clima influencia diretamente o varejo alimentar, com os consumidores ajustando seus hábitos a cada mudança de temperatura. A cesta de bebidas é uma das que mais impacta o desempenho do setor — quando o consumo cai, os varejistas sentem o reflexo imediatamente. Já na mercearia, nota-se uma redução nas compras de indulgências, como chocolates, e um aumento na procura por itens proteicos, reforçando a tendência crescente de produtos voltados a performance e equilíbrio”, comenta Felipe Passarelli, Head de Inteligência de Mercado.
Na análise por canal, os supermercados mostraram menor queda em vendas, recuando apenas -2,5% em unidades, mas mantiveram crescimento de +4,0% em faturamento. Já os atacarejos tiveram o pior desempenho, com queda de -5,4% em unidades e leve retração de -0,1% em faturamento, reflexo da redução nas unidades por ticket.
A onda do consumo de itens zero veio para ficar
Apesar da retração nas vendas do varejo alimentar, um item segue em destaque e confirma a consolidação da tendência por produtos com menos açúcar: o refrigerante zero. Entre janeiro e agosto de 2025, as vendas em volume cresceram 18,8%, mesmo diante de um aumento de 8% nos preços, resultando em alta de 28,4% no faturamento. O avanço é ainda mais expressivo em alguns mercados: Minas Gerais (+24,8%) e Rio de Janeiro (+20,4%) registraram desempenho acima da média nacional. Já na Região Metropolitana de São Paulo, o segmento zero já responde por 26,1% das vendas, em comparação com o regular. O cenário confirma que o “zero” deixou de ser um nicho e vem se consolidando como uma escolha de preferência entre os consumidores, impulsionada pela busca por opções mais equilibradas e alinhadas ao bem-estar.
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