O preço do ouro atingiu um recorde histórico de mais de US$ 4 mil (cerca de R$ 21 mil) por onça (31,104 gramas), impulsionado pela busca dos investidores por ativos seguros para investir diante da incerteza econômica e política mundial. O ouro registrou seu maior salto desde a década de 1970, subindo cerca de um terço desde abril, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas que afetaram o comércio mundial.
Os analistas afirmam que outro fator que preocupa os investidores são os atrasos na divulgação de dados econômicos importantes, agora que a paralisação do governo americano entra em sua segunda semana. Uma paralisação do governo dos EUA ocorre quando o Congresso não aprova o orçamento federal a tempo, e os órgãos públicos precisam suspender serviços não essenciais. O ouro é considerado um ativo de refúgio, pois tende a manter ou aumentar seu valor em momentos de turbulência do mercado ou recessões econômicas.
Dessa forma, o ouro atua como um termômetro silencioso dos temores do mercado. “O preço do ouro superou o famoso patamar de US$ 4 mil por onça e continua batendo novos recordes a cada dia. Só neste ano, o ouro já alcançou 52 novos recordes históricos”, explica Reghina Hammerschmid, gestora de carteiras na Vontobel. “O retorno acumulado este ano é de aproximadamente 54%, o que já representa a maior rentabilidade anual desde 1979”, analisou.
O preço do ouro à vista — o valor de mercado em tempo real do metal precioso para entrega imediata — dobrou nos últimos três anos. “É uma alta com poucos precedentes. A primeira aconteceu após a suspensão dos acordos de Bretton Woods, nos anos 70, quando a conversibilidade do dólar em ouro terminou”, lembra Marco Mencini, chefe de análises na Plenisfer Investimentos. Para Carsten Menke, diretor de pesquisa da Julius Baer, as razões deste para essa alta histórica se devem ao “desaquecimento da economia americana, junto com as perspectivas de taxas de juros mais baixas e um dólar mais fraco”.
Isso “deve continuar atraindo investidores que buscam ativos seguros”, afirma o analista, observando que a tendência pode se manter.
Foto: Reuters via BBC