Autora de livros que se tornaram referência na poesia contemporânea brasileira, como Tudo nela brilha e queima (2017) e Jamais peço desculpas por me derramar (2019), a poeta cuiabana Ryane Leão é um dos destaques da 5ª Festa Literária Arte e Identidade. Neste sábado (4), às 15h30, ela participa de um encontro especial com o público no Espaço Juventudes, no Largo Quincas Berro D’Água, em Salvador. Reconhecida pela escrita que transita entre força e vulnerabilidade, a artista aborda temas como gênero, raça, identidade e afeto, sempre trazendo à tona as experiências e os silenciamentos que marcam a vida das mulheres negras.
“Estou muito feliz em poder participar da feira e conversar com o público. É essencial o diálogo com os jovens para construir a autoestima, encorajar os grandes sonhos e elucidar como a arte pode propor novos futuros. Eu sempre digo que a palavra é água que ajuda a beber possibilidades, e a identificação com a poesia é caminho aberto de movimento constante. Não tive ninguém para me espelhar quando eu era mais nova e agora posso transformar imaginários contando minha história e reconhecendo a importância desses registros. Escrever é um ato coletivo, sempre convido todas as pessoas a se contarem também”, revela a escritora Ryane Leão.
Educadora, professora e dona de uma voz literária que atravessa o Brasil desde 2010, Ryane tem se consolidado como uma das autoras mais potentes de sua geração, inspirando novas vozes e leitores que se identificam com sua linguagem acessível e visceral. Sua obra mais recente, Ninguém pode parar uma mulher ventania (2025), reúne poemas que falam de autoaceitação, religiosidade, falhas, tentativas e enfrentamentos, compondo um mosaico íntimo e coletivo sobre a existência feminina.
A apresentação de Ryane Leão é um dos momentos mais esperados da programação de encerramento da 5ª Festa Literária Arte e Identidade, que neste ano celebra o tema “Arte e Literatura Negra e Indígena: Resistir é Festejar”. Com sua poesia, a autora reafirma o papel da literatura como ferramenta de resistência, encontro e transformação, em sintonia com o espírito da Festa. Além da participação de Ryane, o sábado reserva uma série de atrações que movimentam diferentes espaços do Pelourinho.
ESPAÇO EMPODERAMENTO – No Espaço Empoderamento (Casa Vale do Dendê), o dia começa com o lançamento coletivo “A Diversidade da Escrita Negra Feminina”, às 10h, reunindo as autoras Meg Heloise, com Na Beira; Mariana Madelinn, com Ruídos de Comunic(ação); Amanda Julieta, com No rastro de Estela; e Tainah Cerqueira, com Toda e por inteiro, sob mediação de Anajara Tavares.
ESPAÇO JUVENTUDES – No mesmo horário, no Largo Quincas Berro D’Água, o público poderá participar de uma aula de dança afro com Matheus Ambrozi e, às 11h, de uma oficina de grafismo indígena ministrada pelo artista e educador Thiago Tupinambá. Na parte da tarde, será realizado o lançamento coletivo “A Literatura Fantástica na Bahia”, às 14h, seguido pela apresentação de danças urbanas com Udi Oliveira. Na sequência, às 15h30, acontece o aguardado encontro com Ryane Leão.
ESPAÇO IDENTIDADE – Neste dia, a programação do Museu Eugênio Teixeira Leal é marcada pela roda de conversa “Infâncias Visíveis: o impacto da arte visual e da cultura negra e indígena”, com Junior Pakapym, Renata Tupinambá e Jafari Akin, às 10h.
ESPAÇO INFANTIL BRILHO – Já no Largo Tereza Batista, também às 10h, a programação infantil ganha brilho com o espetáculo teatral “Bonde da Calu”, seguido da mesa literária “Criança também escreve”, que traz jovens autores como Sofia Brandão, Zion Passos e Yalle Tárique. Às 14h, a escritora Larissa Reis conduz a contação de histórias do livro Dayó, Itapuã e os Contos, obra que mergulha na ancestralidade e convida as crianças a se conectarem com suas raízes por meio da oralidade.
Ainda no mesmo espaço, às 15h, a escritora Maíra Azevedo, a Tia Má, conversa sobre autoestima da criança negra a partir de sua obra A Menina que Não Sabia que Era Bonita, em atividade mediada por Cássia Valle. Depois, às 16h30, o Balaio Literário marca o pré-lançamento da coletânea Liga do Dendê, e a tarde se encerra em tom musical com voz e violão de Rebeca Tárique e Bia Barreto.
ESPAÇO LEITURA – No Espaço Leitura, no Largo Terreiro de Jesus, a escritora Paula Anias comanda duas rodadas de contação de histórias com o lançamento do livro Infância Roubada, às 9h30 e às 15h, apresentando narrativas como A Guardiã, A Lenda do Dendê e O Que Pode as Crianças Gêmeas.
O FIM DA FESTA – O encerramento da festa acontece de forma bem-humorada com a personagem Koanza, no espetáculo “Simbora Negona”, às 17h, interpretada pelo ator, educador e humorista Sulivã Bispo. Com atividades que atravessam dança, literatura, artes visuais e teatro, o sábado da 5ª Festa Literária Arte e Identidade fecha a programação reafirmando o Pelourinho como território vivo de memória, arte e resistência, além de fortalecer o protagonismo da arte e literatura afro-indígena como pilares centrais do evento.
A Festa Literária Arte e Identidade é uma realização da Associação Cultural e Carnavalesca Quero Ver o Momo e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. Também foi contemplado pelo edital Gregórios – Ano IV com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), Ministério da Cultura e Governo Federal.
SERVIÇO
Festa Literária Arte e Identidade – Ano V
Data: 2 a 4 de outubro (quinta-feira a sábado)
Local: Espaços culturais do Pelourinho – Centro Histórico
Programação completa: https://www.arteeidentidade.com.br/
Instagram: @arteeidentidadeoficial
Entrada Gratuita
Encontro com a autora Ryane Leão
Mediação: Karla Brito
Data: 4 de outubro (sábado)
Horário: 15h30
Local: Espaço Juventudes – Largo Quincas Berro D’Água
ESPAÇOS DO EVENTO
ESPAÇO INFANTIL BRILHO – Largo Tereza Batista
ESPAÇO JUVENTUDES – Largo Quincas Berro D`Água
ESPAÇO EMPODERAMENTO – Casa Vale Do Dendê
ESPAÇO IDENTIDADE – Museu Eugênio Teixeira Leal
ESPAÇO LEITURA – Praça Terreiro De Jesus
(Foto: Pétala Lopes) | Pintura indígena Kariri-Xocó, no Espaço Juventudes (Foto: Enzo Angelo)