A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) divulgou a Carta de Conjuntura referente ao segundo trimestre de 2025. A análise destaca o cenário nacional de juros elevados, inflação acima da meta e a incerteza diante das expectativas sobre o “tarifaço” do governo norte-americano, fatores que impactaram negativamente a confiança de empresários e consumidores, com reflexo sobre o PIB da Bahia no segundo trimestre.
A economia baiana desacelerou no segundo trimestre, motivada pelas quedas da indústria geral e serviços, mas a significativa geração de emprego formal e, principalmente, o excelente desempenho da safra de grãos contribuíram para que o PIB da Bahia, calculado pela SEI, sustentasse a expansão de 0,3%, quando comparado ao trimestre anterior. No segundo trimestre de 2025, em relação ao mesmo período de 2024, houve crescimento de 2,1%, acompanhando a taxa do PIB do Brasil para o mesmo período, que foi de 2,2%.
Com base nas pesquisas mensais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria baiana (extrativa e de transformação) caiu 1,2% no 2º trimestre em relação ao 1º trimestre de 2025, quando havia expandido 3,0% na mesma base de comparação. Os sinais de desaceleração ficam evidentes quando se compara o primeiro semestre de 2025 com o ano passado. A indústria baiana cresceu apenas 0,7% no primeiro semestre deste ano.
Os reflexos da política monetária contracionista, da inadimplência e do endividamento das famílias impactaram os resultados do comércio varejista no segundo trimestre de 2025, embora o mercado de trabalho ainda continue em expansão, o que mitigou os efeitos adversos nesta política. No segundo trimestre, a expansão das vendas na Bahia apresentou taxa positiva de 3,4% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 1,7% na comparação anual. No primeiro semestre, o varejo ficou praticamente estável (0,6%). Já no varejo ampliado houve variação negativa (-2,4%).
O volume de serviços na Bahia, quando comparado com o 2º trimestre do ano anterior, apresentou queda de 2,0%, invertendo a sequência de aceleração que foi iniciada no 2º trimestre de 2021 (28,4%), para esse tipo de comparação.
Por sua vez, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE), de julho de 2025, estimou uma produção de cereais, oleaginosas e leguminosas acima de 12,8 milhões de toneladas, o que representa uma expansão de 12,7% na comparação com a safra de 2024.
No segundo trimestre, as exportações baianas somaram US$ 2,71 bilhões, queda de 3,4% na comparação com o segundo trimestre de 2024. Já as importações somaram US$ 2,15 bilhões, também com queda de 37,5% no mesmo comparativo, devido à contínua elevação da taxa de juros, o que resultou numa queda de 38,3% no volume desembarcado, enquanto que os preços registraram na média, leve aumento de 1,4%, sempre no comparativo interanual.
A evolução de preços de commodities, que têm mostrado tendência de queda, representa um dos riscos para o desempenho das exportações estaduais em 2025. No acumulado do ano até Junho, a queda dos preços médios em relação ao mesmo período de 2024 a queda chegou a 6,5%.
A oscilação em alguns setores da atividade econômica, não impediu a expansão do mercado trabalho. No segundo trimestre de 2025, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o montante de empregos formais no estado se ampliou, fruto do surgimento de 35.229 novos postos de trabalho. Ao fim do 2º trimestre de 2025, a Bahia passou a contar com 2,2025 milhões de vínculos celetistas ativos, o que significou uma elevação de aproximadamente 3,16% sobre o quantitativo de 2,137 milhões de empregos registrados no início do ano (estoque de referência). Dessa forma, ao fim do segundo trimestre, a Bahia concentrava 27,20% e 4,55% do total de empregos com carteira assinada existente na região nordestina e no país, respectivamente.
A geração de empregos contribuiu para a redução da taxa de desocupação. De acordo com o levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) na Bahia, a taxa trimestral de desocupação ficou em 9,1%, no segundo trimestre de 2025. Trata-se do menor índice para um primeiro trimestre desde o início da série, empatando com aquele observado no quarto trimestre de 2013, com recuo de 2,0 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre do ano.
Sob a ótica da produção, o resultado do segundo trimestre revela um cenário com dinâmicas distintas entre os setores. Além do excelente desempenho da agropecuária (10,1%), o setor de serviços (0,7%), cuja resiliência e participação ainda seguem sustentando o crescimento do PIB.
Em contrapartida, segmentos industriais mais sensíveis ao ciclo econômico, como a construção civil e boa parte das indústrias de transformação, registraram
desempenho modesto ou mesmo negativo, com a indústria apresentando leve crescimento de 0,5%.
O resultado do segundo trimestre reforça a leitura de que a economia baiana, assim como acontece a nível nacional, está em fase de desaceleração. Ao longo do primeiro semestre, período no qual o PIB acumulou um crescimento de 2,7%, a dinâmica favorável do mercado de trabalho, as transferências de renda do governo e as contribuições advindas da agropecuária e da indústria extrativa ajudaram a compensar os efeitos negativos da política monetária restritiva e da inflação.
Para os próximos trimestres, espera-se que a manutenção desses fatores positivos seja crucial para evitar uma desaceleração mais intensa da economia baiana.
O boletim de conjuntura atende ao objetivo precípuo da Coordenação de Acompanhamento Conjuntural da SEI de acompanhar e analisar o comportamento dos principais indicadores setoriais da economia baiana, objetivando subsidiar o processo de tomada de decisão dos diversos agentes econômicos, em especial o Sistema Estadual de Planejamento.
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