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QUASE 8% DAS PESSOAS INFÉRTEIS USAM MEDICAMENTOS PARA SAÚDE MENTAL, DE ACORDO COM ESTUDO INÉDITO REALIZADO POR MÉDICA BAIANA

João Paulo - 01/10/2025 09:20

Um estudo inédito, realizado em Salvador, e liderado pela médica baiana Gérsia Viana, especialista em medicina reprodutiva e diretora do Cenafert, concluiu que 7,8% dos pacientes inférteis fazem uso de medicamentos psicotrópicos. O estudo intitulado “Uso de psicotrópicos em população infértil: prevalência, perfil etário e relação com tempo de infertilidade” será apresentado no 29º Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida (CBRA 2025), que acontece de 5 a 8 de outubro, em São Paulo. “Poucos estudos avaliam a prevalência dessas medicações neste grupo e sua relação com fatores clínicos. É fundamental avaliar o impacto emocional do diagnóstico e do tratamento de infertilidade em homens e mulheres e criar alternativas para reduzir o estresse e a ansiedade e acolher esses pacientes”, destaca a médica Gérsia Viana.

Realizado entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024, o estudo avaliou 495 casais atendidos em primeira consulta de reprodução assistida. A prevalência geral de uso de psicotrópicos foi de 7,8% dos indivíduos, sendo maior entre as mulheres (9,5%) que entre os homens (6,1%). A idade média foi de 37,7 anos. As causas da infertilidade foram femininas em 34,3% dos casos, masculinas em 33,1%, mistas em 13,1% e indefinidas em 19,4%.

“Os dados reforçam a importância do suporte de equipes multidisciplinares para atendimento das pessoas inférteis nos centros de reprodução assistida”, esclarece Gérsia Viana, responsável pelo estudo. “O acompanhamento psicológico faz toda diferença para o enfrentamento da infertilidade”, acrescenta.

Entre as mulheres, a classe mais frequente de psicotrópico usado foi o antidepressivo ISRS (38,3%), enquanto entre os homens houve distribuição mais homogênea entre ISRS (13,3%), IRSN (10,0%) e ansiolíticos não especificados (10,0%).  Os antidepressivos ISRS (Inibidores seletivos da recaptação de serotonina) e  IRSN (inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da norepinefrina) agem no Sistema Nervoso Central para aumentar a biodisponibilidade de serotonina e norepinefrina, neurotransmissores associados ao bem-estar, regulação do humor e do sono, controle do estresse, depressão e ansiedade.

Se por um lado, pacientes que lutam contra a infertilidade, muitas vezes, acabam tendo que tratar sua saúde mental, por outro, o próprio tratamento medicamentoso deve ser criteriosamente bem avaliado pela equipe médica. O uso de determinados medicamentos psicotrópicos, como alguns  antidepressivos e  ansiolíticos, pode causar alterações hormonais e afetar a condição de fertilidade de homens e mulheres . “O paciente que faz uso desses medicamentos e está tentando ter filhos deve discutir seu caso com seus médicos para avaliar as opções de medicamentos e dosagens seguros que não afetem a fertilidade”, esclarece Gérsia Viana.

Além dos impactos na fertilidade, alguns psicotrópicos específicos também podem causar problemas durante a gravidez e expor a mãe e o bebê. “É fundamental que o uso desses medicamentos seja discutido e acompanhado por psiquiatra e obstetra para que avaliem as substâncias e doses mais seguras”, afirma a especialista. “O uso de alguns ansiolíticos pode expor o bebê a riscos, como malformação congênita, síndromes neonatais e problemas respiratórios”, explica Gérsia Viana.

“Além do suporte com psicólogo, as técnicas de relaxamento, a meditação, a ioga pré-natal são alternativas seguras para o momento da gravidez”, afirma a especialista.

Suporte psicológico

Além de todos os impactos na saúde mental, a condição de infertilidade pode afetar o relacionamento conjugal e as relações sociais, repercutindo também em todos os aspectos da vida do casal até no âmbito profissional.

Para a psicóloga Liliane Carmen Souza dos Santos, do Cenafert, que também integrou a equipe da pesquisa, o acompanhamento psicológico é importante para os homens e mulheres que estão diante do diagnóstico e tratamento de infertilidade, pois auxilia os casais a lidarem com os sentimentos e emoções que surgem nesse processo, além de possibilitar estratégias de enfrentamento que beneficiam tanto a saúde emocional quanto a fertilidade. “Ter práticas de autocuidado que incluem, alimentação saudável, higiene do sono, descanso, atividades físicas, autoconhecimento e conexão social, traz diversos benefícios para a saúde física, mental e contribui positivamente para a qualidade de vida, saúde e bem-estar do casal que está tentando ter filhos”, afirma a psicóloga.

“O acompanhamento psicológico e as terapias complementares são aliados importantes dos pacientes que buscam tratamentos para infertilidade”, conclui Gérsia Viana.

Sobre o Cenafert

Com sede no bairro de Ondina, em Salvador, o Cenafert – Centro de Medicina Reprodutiva, inaugurado há 23 anos, é uma clínica especializada em reprodução assistida e tem como missão garantir uma atenção integral e humanizada a pessoas que sonham em ter filhos. Ao longo de sua atuação, a clínica já contabiliza mais de 3.500 bebês nascidos através das diversas técnicas de reprodução assistida.

O laboratório de reprodução assistida do Cenafert oferece tecnologia de ponta para a realização dos procedimentos com eficácia e segurança. O paciente infértil conta com o suporte de uma equipe médica multidisciplinar, experiente e qualificada, e com serviços que vão desde o atendimento de casos mais simples – solucionados com tratamento de menor complexidade – até aqueles que exigem o emprego de técnicas avançadas no campo da reprodução assistida.

O Cenafert faz parte do Grupo Huntington, um dos principais Grupos de Reprodução Assistida do Brasil. Mais informações no site https://cenafert.com.br

 

Crédito das fotos: Arquivos Cenafert

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