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COMEÇA AMANHÃ (2) A 5ª FESTA LITERÁRIA DE ARTE E IDENTIDADE COM PROGRAMAÇÃO DEDICADA A JOVENS E CRIANÇAS

João Paulo - 01/10/2025 11:03

A quinta edição da Festa Literária Arte e Identidade – que acontece de 2 a 4 de outubro de 2025 no Pelourinho – terá um sábado de programação intensa para as crianças, no Largo Tereza Batista, onde ficará o Espaço Infantil Brilho. Neste sábado (4), às 10h, haverá uma intervenção artística com o grupo Bonde da Calu, e às 15h, Maíra Azevedo, mais conhecida como Tia Má, participa de um bate-papo sobre o seu livro infantil “A Menina que Não Sabia Que Era Bonita”, com mediação de Cássia Valle. Programação completa:

https://drive.google.com/file/d/1wolE8JGUwVaicawJJHMN3VnYzoyRJSZy/view

A publicação, lançada neste ano, conta a história de uma menina negra que não se dá conta de sua beleza, mas, num sonho, quando encontra seus ancestrais, descobre finalmente o quanto é bonita. Maíra diz que uma das motivações para escrever o livro foi uma situação que viveu com sua filha, Aiana Luiza, quando a menina tinha três anos. “Um dia, eu disse a ela: ‘filha, você é tão linda!’. E ela disse ‘eu sei’. Quando respondeu assim, fiquei encantada e super feliz em saber que ela tem a autoestima muito bem resolvida”, observa a autora.

Maíra conta que, quando criança, não se dava conta da sua própria beleza. “Não fazia parte do meu cotidiano ouvir elogios e entender minha beleza, principalmente por conta de uma mídia que era excludente, que não tinha pessoas pretas para a gente olhar e se reconhecer nem para admirar a nossa beleza”, revela.

Tia Má destaca no livro o sonho que a protagonista tem, quando se encontra com seus ancestrais. “Gosto muito de falar em ‘belezas’, no plural. Porque tem a beleza estética, da aparência, mas tem também a beleza de você se conhecer, de saber sua história. Quando você se conhece, você tem mais orgulho de ser quem é. Mas isso era negado à gente. É preciso conhecer nossa história por completo”, afirma. A escritora preferiu não dar um nome à protagonista: “Quero que ela seja qualquer menina ou qualquer menino”.

No encontro com o público, Maíra pretende ouvir as perguntas e deseja a participação de todos na plateia. “Nestes eventos, o melhor é o diálogo. Quero que as pessoas façam perguntas, porque, às vezes, falamos, mas não dizemos o que o público quer ouvir. Quero abrir espaço para que as pessoas falem aquilo que há muito tempo está guardado nelas”, explica.

Música, poesia e circo – No mesmo dia, pela manhã, a partir das 10h, as crianças poderão assistir ao Bonde da Calu, grupo teatral criado pela atriz e diretora Cássia Valle, revelada no Bando de Teatro Olodum. O espetáculo, que leva o mesmo nome do grupo, combina música e poesia em cena. “Nós chamamos de recital brincante, quem tem poemas, ludicidade, música e dança, além de elementos do circo, como um perna-de-pau”, diz Lucila Laura, atriz e produtora do Bonde da Calu. As músicas e os textos são criações originais do grupo, que desta vez contará também com a participação da atriz-mirim Pietra Gomes, responsável por recitar poemas.

Lucila Laura ressalta a importância de falar sobre identidade com as crianças negras. “É preciso que as crianças negras acreditem que são bonitas, que têm cabelo bonito… e o Festival reforça isso. Nosso espetáculo fala sobre autoestima e identidade, com poemas que exaltam a beleza negra. É preciso que as crianças negras se enxerguem nos brinquedos, filmes, peças teatrais e televisão”.

O Bonde da Calu foi criado por Cássia Valle, baseado no livro “Calu, Uma Menina Cheia de Histórias”, que ela mesma escreveu com Luciana Palmeira em 2017. No livro, Calu procura uma forma de transformar o bairro em que mora em um museu a céu aberto. O livro destaca a importância de trabalhar o sentimento de pertencimento da população para o patrimônio material e imaterial. Em 2020, o espetáculo Sarauzinho da Calu venceu o Prêmio Braskem de Teatro na categoria Espetáculo Infantojuvenil.

Mais opções para as crianças – Entre quinta-feira (2) e sábado (4), a Festa Literária de Arte e Identidade realizará diversas atividades para as crianças no Espaço Infantil Brilho, todas gratuitas. Na quinta, um dos destaques, às 9h, é a participação de Camila Tupinambá numa atividade lúdico-pedagógica chamada “Vivências Indígenas – Um Abraço nas Memórias”. No mesmo dia, às 14h, terá a roda de conversa “Percussão, Partitura e Resistência: A Música como Educação”, com Geraldo Marques, Mestre Pacote do Pelô e mediação de Nanny Santos,

Na sexta-feira (3), a criançada poderá ir, às 9h30, ao lançamento e contação da história “No Sítio do Vovô Dândi”, com Ana Fátima, Thayná Oliveira e mediação de Cássia Valle. À tarde, às 15h10, acontece uma apresentação de danças urbanas. Em seguida, às 15h30, haverá lançamento de diversas obras literárias escritas por educadores da rede municipal, como “Este é Meu Cabelo”, de Dejanira Rainha, e “O Machado de Xangô”, de Genivaldo Luiz Santos de Jesus.

Resistir é festejar! – Entre os dias 2 e 4 de outubro de 2025, o Pelourinho será mais uma vez palco da Festa Literária Arte e Identidade, que neste ano traz o tema “Arte e Literatura Negra e Indígena: Resistir é Festejar”. Gratuito e aberto ao público, o evento ocupa os espaços culturais do Centro Histórico em cenários vivos de troca, afeto e ancestralidade, com uma programação intensa voltada ao público infantojuvenil, celebrando o legado dos povos africanos e originários na formação do Brasil, além da potência da arte e da literatura como ferramentas de resistência e transformação.

A iniciativa reafirma seu compromisso com a promoção da diversidade cultural, oferecendo um ambiente seguro e inclusivo para que crianças e adolescentes possam se conectar com as suas raízes por meio de palestras, rodas de conversa, oficinas, apresentações artísticas e vivências criativas com artistas baianos e nacionais. A proposta curatorial desta edição realça as expressões negras e indígenas como pilares na construção da identidade brasileira, aprofundando o debate sobre seu legado histórico e simbólico.

“A Festa Literária Arte e Identidade deste ano traz o tema Resistir é Festejar porque celebrar a arte e a literatura negra e indígena é um ato de resistência. Mais que um evento, é um movimento de afirmação e construção de um futuro mais justo, onde fortalecer as infâncias e juventudes negras e indígena é político e pedagógico”, afirma Cris Santana, coordenadora geral do evento.

A Festa Literária Arte e Identidade Ano V é uma realização da Associação Cultural e Carnavalesca Quero Ver o Momo e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. Também foi contemplada pelo edital Gregórios – Ano IV com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), Ministério da Cultura e Governo Federal.

SERVIÇO

Intervenção Artística e Cultural | Espetáculo “Bonde da Calu”

Data: 4 de outubro (sábado)

Horário: 10h

Local: Espaço Infantil Brilho (Largo Tereza Batista)

Encontro com a autora Maíra Azevedo, sobre o livro “A Menina que Não Sabia que Era Bonita”

Data: 4 de outubro (sábado)

Horário: 15h

Local: Espaço Infantil Brilho (Largo Tereza Batista)

Festa Literária Arte e Identidade – 5ª edição

Data: 2 a 4 de outubro (quinta-feira a sábado)

Local:  Espaços culturais do Pelourinho – Centro Histórico

Programação completa: https://www.arteeidentidade.com.br/

Instagram: @arteeidentidadeoficial

Entrada Gratuita

(Foto: Divulgação)

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