Implantar uma agenda ESG já não é uma atividade restrita às grandes corporações. Cada vez mais, as pequenas e médias empresas aderem às melhores práticas do mercado na gestão de riscos ambientais, sociais e de governança, de olho no aumento do faturamento, melhoria da imagem organizacional e criação de novas oportunidades de negócios. A pesquisa Panorama ESG 2024, realizada pela Amcham Brasil, aponta que 71% das empresas do país já adotam iniciativas ligadas ao tema, sendo 45% em estágio inicial e 26% em fase avançada.
Segundo o especialista em ESG e consultor Sebrae, Augusto Cruz, o tema vem como um efeito cascata, nascendo nas grandes corporações que por sua vez disseminam para sua cadeia de valor que envolve desde médias empresas até pequenos negócios.
Em Salvador (BA), a agência ATcom-Comunicação Corporativa está entre as empresas que incorporam a agenda ESG em sua estratégia. Em 2024, a agência passou a ser signatária do Pacto Global da ONU no Brasil, assumindo o compromisso de apoiar os Dez Princípios relacionados a direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. Segundo a diretora, Cinthya Medeiros, entre os principais impactos da adoção às práticas ESG estão a melhoria da imagem institucional, o acesso a novos mercados e a eficiência operacional. “Trabalhamos com grandes corporações e cada vez mais as empresas têm exigido de seus fornecedores um alinhamento com estas temáticas. Também consideramos importante desenvolver esta prática e espalhar a iniciativa entre a equipe”, disse ela.
Este ano, a agência apresentou seu primeiro relatório social, exigência para se manter como signatário do Pacto Global. “Foi um mergulho em todas as ações que desenvolvemos, notadamente na área social. Fizemos forte capacitação interna, apoiamos na divulgação de projetos sociais, fechamos parceria com a UFBA para capacitar estudantes na área de Comunicação e desenvolvemos uma forte governança interna, entre outras ações”, destaca. A diretora acredita que, independentemente do tamanho da empresa, é importante aderir a estas práticas, tornando o ambiente de trabalho e o mundo melhor. Entre os ODS priorizados pela empresa estão o 5 (igualdade de gênero), 8 (crescimento econômico e trabalho decente) e 10 (redução das desigualdades).
Estudos apontam, ainda, que a implementação pode gerar ganhos financeiros diretos, seja pela redução de custos, pela atração de clientes e investidores atentos à agenda da sustentabilidade. De acordo com o Sebrae, investir em práticas ESG é oferecer maior competitividade às micro e pequenas empresas. Os motivos para essa adesão variam entre pressão de consumidores e grandes compradores, exigências de investidores e instituições financeiras, expectativa da sociedade e ganhos internos de eficiência.
O especialista Augusto Cruz ressalta que “gerir riscos ESG importa em criar oportunidades, seja para cumprir obrigações impostas por clientes, seja para inovar criando soluções para atender demandas relacionadas à sustentabilidade de clientes ou de novos potenciais clientes”, acrescenta.
Na Bahia, a mobilização em torno do tema vem crescendo com a realização de cursos e consultorias oferecidos pelo Sebrae e por entidades parceiras. Embora haja avanços, ainda existem desafios a serem superados, especialmente na governança. O crescimento da publicação de relatórios ESG e a maior integração do tema à estratégia dos negócios mostram que a tendência é sólida e sustentável. A adoção dessas práticas pelas pequenas e médias empresas demonstra que o movimento não se limita mais às grandes corporações, configurando-se como um caminho de competitividade, inovação e adaptação a um mercado cada vez mais exigente.
Foto: Ulisses Dumas