segunda, 29 de setembro de 2025
Euro Dólar

REAL VALORIZADO FRENTE AO DÓLAR ALIVIA PRESSÃO DA SELIC ALTA NO BRASIL, MOSTRA ESTUDO DO BIS

VICTOR OLIVEIRA - 29/09/2025 18:04

A valorização do real frente ao dólar alivia parte da pressão do aperto monetário no Brasil, provocado pelo ciclo de alta da Selic, aponta estudo do Banco de Compensações Internacionais (BIS), publicado nesta segunda-feira, 29. Esse movimento, favorecido pela fraqueza da moeda norte-americana diante das novas medidas do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem beneficiado as moedas latino-americanas em geral ao longo deste ano, avalia o ‘pai dos bancos centrais’.

A análise do BIS tem como base um índice de condições financeiras (FCI) calculado para Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru entre janeiro e julho de 2025. O indicador compila variáveis como taxa de câmbio, curva de juros e prêmios de risco, para mensurar o custo e a disponibilidade de financiamento para famílias, empresas e governos.

“Talvez o achado mais notável seja que fatores estrangeiros e globais, como a valorização das moedas locais ante o dólar ou a própria fraqueza da divisa norte-americana, afrouxam as condições financeiras na América Latina”, dizem os autores do estudo, que incluem os brasileiros Eduardo Amaral e Alexandre Tombini, além de Rafael Guerra e Ilhyock Shim.

Segundo ele, “o afrouxamento monetário tende a aliviar essas condições, impulsionando o crescimento no curto prazo”. Essa dinâmica ficou mais clara nos países onde os bancos centrais já iniciaram cortes de juros, como Chile, México e Peru, afirmam.

“Em contraste, os aumentos na taxa de política monetária no Brasil contribuíram para condições financeiras mais apertadas entre janeiro e julho deste ano, mas as quedas nas taxas de médio e longo prazo ajudaram a afrouxar as condições financeiras”, observam Amaral, Tombini, Guerra e Shim, no estudo.

O dólar acumula queda de quase 14% frente ao real no acumulado deste ano. Relatório Focus publicado nesta segunda-feira, projeta a cotação da moeda americana no fim de 2025 a R$ 5,48 ante R$ 5,50 na pesquisa anterior. Há um mês, era de R$ 5,56.

O estudo do BIS também compara metodologias de FCIs utilizadas por bancos centrais e instituições privadas. Os indicadores podem divergir, enviando mensagens distintas ao mercado, conforme os autores. Como exemplo, citam o contraste entre os índices oficiais do Brasil e do México e o FCI do Goldman Sachs durante a pandemia de covid-19: enquanto a medição local apontava forte aperto decorrente da depreciação cambial, o banco americano enxergava afrouxamento.

Segundo os autores, os FCIs são uma régua específica para calibrar o ritmo dos ajustes de juros, oferecendo aos formuladores de política sinais imediatos de como o mercado pode reagir. Se o indicador se aperta de forma abrupta, indica que um banco central pode reduzir o passo das altas de juros para evitar choques desnecessários na economia.

No entanto, como os FCIs não revelam se as mudanças vêm do lado da oferta ou da demanda de crédito, os autores defendem o uso combinado do indicador com outras métricas de risco. Ainda assim, concluem que “FCIs oferecem um retrato claro de como a política monetária se transmite às condições financeiras”, ferramenta crucial para que os bancos centrais latino-americanos gerenciem os efeitos de choques externos e preservem a estabilidade econômica.

Fonte: Estadão Conteúdo

Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

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