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CIRURGIA ROBÓTICA AMPLIA POSSIBILIDADES NO TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTIL

João Paulo - 26/09/2025 11:40 - Atualizado 26/09/2025

O Setembro Dourado, campanha mundial de conscientização sobre o câncer infantojuvenil, reforça a importância do diagnóstico precoce e do acesso a terapias mais modernas. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 7.930 novos casos por ano entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. Embora a taxa de cura possa superar 80% quando a doença é identificada rapidamente, o país ainda enfrenta desigualdades no tratamento.

Leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas estão entre os tipos mais frequentes. Representando a principal causa de morte por doença em crianças e adolescentes, o câncer infantojuvenil exige respostas que vão além da quimioterapia e da radioterapia. Nos últimos anos, a cirurgia robótica tem se consolidado como aliada, oferecendo cortes menores, menos dor, redução no tempo de internação e recuperação mais rápida em comparação às cirurgias convencionais.

Segundo especialistas, a tecnologia robótica amplia a precisão do cirurgião e contribui para a preservação de tecidos e órgãos saudáveis, fator decisivo no tratamento de pacientes pediátricos, cujo desenvolvimento físico precisa ser protegido. “O robô é uma extensão multiplicadora das mãos do médico, que permite atuar em áreas delicadas com maior segurança”, afirma o cirurgião pediátrico e robótico Fábio Contelli.

A técnica, disponível em centros de referência no Brasil, já foi utilizada em crianças muito jovens, com resultados considerados positivos. Para Contelli, além do avanço tecnológico, é essencial que o acesso seja democratizado. “Não basta ter a tecnologia; é necessário que ela chegue a todas as crianças, independentemente da cidade onde vivem”, ressalta o integrante do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR).

Uma novidade que reforça essa tendência é a recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) para que a prostatectomia radical assistida por robô seja incorporada à rede pública no tratamento do câncer de próstata localizado ou localmente avançado. A decisão tem impacto simbólico e prático: pode abrir caminho para que a cirurgia robótica seja utilizada em outras especialidades, inclusive na pediatria, desde que cumpridos protocolos rigorosos, critérios de qualificação de centros hospitalares e treinamento adequado das equipes.

Outro desafio é a concentração dos serviços de alta complexidade em poucas capitais. Muitas famílias percorrem centenas de quilômetros em busca de atendimento especializado, enfrentando barreiras logísticas, emocionais e financeiras. Isso reforça a necessidade de políticas públicas capazes de expandir a rede de oncologia pediátrica, investir em centros regionais e oferecer suporte integral às famílias.

Além da tecnologia e da infraestrutura, especialistas lembram que a humanização é parte fundamental do cuidado. O acompanhamento psicológico, a atenção às necessidades sociais e o suporte educacional durante o tratamento fazem diferença na qualidade de vida e no enfrentamento da doença. “Tratar o câncer infantil não é apenas combater o tumor. É cuidar da criança e da família em todas as suas dimensões”, destaca Contelli.

Ao lado da inovação tecnológica, a principal arma continua sendo o diagnóstico precoce. Identificar sinais de alerta, como febre persistente, manchas roxas, caroços, dores de cabeça constantes ou perda de peso inexplicada, e buscar atendimento imediato são medidas que salvam vidas.

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