A Braskem anunciou nesta sexta-feira (26) que contratou assessores financeiro e jurídicos para auxilia-la na elaboração de um diagnóstico de alternativas econômico-financeiras para otimizar a sua estrutura de capital.
A deterioração do ciclo de baixa da petroquímica global após o tarifaço do presidente americano, Donald Trump, e o impasse na venda de seu controle pela Novonor levaram a Braskem a reestruturar suas dívidas, algo que já vinha sendo exigido por bancos credores da antiga
Como dívida líquida que supera em dez vezes o resultado operacional (Ebitda) anualizado, a companhia brasileira revisou projeções, levando em conta condições piores condições para geração de caixa nos próximos anos com a queda nos preços de petroquímicos e na demanda. Nessa análise, constatou que, já no fim de 2026, sua liquidez estará em risco, segundo fontes ouvidas pelo jornal Valor Econômico.
“Hoje, a Braskem não tem problemas de liquidez. [Mas] com sua geração de caixa operacional orgânica, não tem condições de atravessar o ciclo [de baixa, que deve se estender até 2027 ou 2028]”, disse uma das pessoas.
No mercado, contudo, a situação financeira da petroquímica vem sendo olhada com cautela, dada a leitura de que o contexto vinha piorando.
Além da potencial venda de ativos — o que não é a preferência da administração —, serão avaliadas alternativas como uma capitalização, incluindo eventual aporte da Petrobras, segunda maior acionista da companhia, emissão de debêntures conversíveis e postergação de vencimentos, entre outras opções que sejam viáveis. A Petrobras não deseja é ser controladora da empresa, o que significaria reestatizar.
A expectativa é ter um plano desenhado nas próximas semanas, quando então serão iniciadas as conversas com credores.
Com cerca de R$ 12 bilhões disponíveis hoje, incluindo uma linha de crédito rotativo, a Braskem tem honrado seus compromissos, mas a custo elevado. No último trimestre, sua geração de caixa ficou negativa em cerca de R$ 1,5 bilhão e não há indicações de reversão desta tendência no curto prazo.
Além disso, segundo fontes, a Braskem tem se deparado com custos mais elevados e maiores exigências para contratação de crédito, também por causa do cenário de juros mais altos. No Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tem encontrado portas fechadas desde 2015, por causa do envolvimento da hoje Novonor na Operação Lava-Jato.
A Braskem já colocou em marcha um plano de transformação, cujo foco no curto prazo é reforçar a posição de liquidez e, mais à frente, migrar sua matriz de matérias-primas da nafta, mais cara, para o gás natural, e ampliar o portfólio de petroquímicos verdes. Essa segunda etapa, contudo, demandará investimentos que a companhia não tem condições de executar atualmente.
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