O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta sexta-feira (26), durante discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que seu país seguirá atacando a Faixa de Gaza até que “termine o trabalho” no território palestino. Ele também desafiou a pressão crescente da comunidade internacional por um fim da guerra em Gaza, negou que seu Exército esteja matando civis ou causando fome na população palestina e afirmou que, apesar das críticas, está “lutando uma batalha” pelo Ocidente. Netanyahu entrou no plenário da ONU sob vaias, e a maioria das comitivas se retirou antes mesmo de ele começar a falar, como gesto de repúdio. A comitiva do Brasil também deixou o local, como ocorreu no ano passado. Ficaram no plenário apenas as comitivas dos seguintes países: Estados Unidos, Reino Unido, Noruega, França, Itália, Espanha, Finlândia, Suíça e União Europeia.
Ao longo do discurso, houve muitos aplausos também por parte de pessoas que estavam na plateia, local reservado a convidados dos países membros da ONU. No início de sua fala, que durou mais de 40 minutos, Netanyahu voltou a mostrar um mapa que exibiu no ano passado com países que disse ser do “Eixo do mal”. Depois, riscou com um marcador regiões nas quais disse ter destruído o poderio militar de países e grupos terroristas. “Lembram dos pagers (em referência aos dispositivos de membros do Hezbollah explodidos em uma operação do serviço secreto de Israel)? Eles entenderam a mensagem. Destruímos bases na Síria, no Iêmen. Nós devastamos as armas atômicas do Irã”, disse. “Mas devemos permanecer vigilantes. Ainda não terminamos. O Irã está preparando mísseis balísticos com o objetivo não só de destruir Israel, mas também os Estados Unidos e vários lugares”.
O discurso do premiê israelense ocorreu diante da “onda de reconhecimentos” do Estado Palestino, nas últimas semanas, por parte de países ocidentais e aliados dos Estados Unidos, como o Reino Unido e a França. Como esperado, ele criticou os gestos. “A decisão vergonhosa de vocês irá encorajar o terrorismo contra os judeus, contra pessoas inocentes em todo lugar (…). Como já fizemos antes, Israel tem de lutar uma luta contra a barbárie por vocês, com muitos de vocês se opondo a nós”, disse. “O antissemitismo nunca morre. Pelo contrário, sempre volta”.
Ele também voltou a negar a existência de um Estado Palestino. “Dar um Estado à Palestina ao lado de Israel é como dar um Estado à Al-Qaeda ao lado de Nova York depois do 11 de setembro (de 2001, quando o grupo terrorista Al-Qaeda fez um atentado na cidade norte-americano, derrubando as Torres Gêmeas com aviões). É pura insanidade, e não vamos fazer isso”.
Foto: Jeenah Moon/ Reuters