

O Operador Nacional do Sistema (ONS) tem determinado cortes forçados na geração de energia solar e eólica para não sobrecarregar o sistema, os chamados curtailments – interrupção forçada da geração de energia, e isso vem fazendo com que muitas empresas suspendam investimentos, inclusive na Bahia.
Isso vem ocorrendo porque a oferta de energia tem superado a demanda do país, e o desequilíbrio gera risco ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Questões técnicas impedem “desligar” termelétricas e hidrelétricas imediatamente — por isso, o corte recai sobre a fontes solar e eólica.
Na Bahia, a Enel Brasil pediu a revogação da outorga de eólicas e solares que seriam instaladas e a Auren Energia foi autorizada a revogar as outorgas de cinco eólicas, somando 159,6 MW, da fase dois do complexo Tucano.Já o Grupo Energia, que atua em geração, transmissão e distribuição teria suspendido R$ 4,6 bilhões em investimentos na construção de um parque solar na Bahia, o Projeto Apia, e adiou de 2027 para 2029 um outro, tocado em parceria com outra empresa.
Os cortes chegaram a 26,4% da geração de eólicas e solares só em agosto, 85% mais que a igual do ano anterior, segundo o Relatório do Itaú BBA. Os prejuízos subiram quase 40% neste ano em relação a 2024: R$ 3,8 bilhões até setembro, calcula a Absolar.
E os curtailments tendem a aumentar — já que empresas indicam nível elevado de interrupções em setembro — e devem continuar ao menos até 2035. Os cortes viraram um fator de incerteza. Companhias já buscam renegociar financiamentos de projetos, acendendo um sinal amarelo entre instituições financeiras.
Com isso os investimentos foram suspensos. estão freando bruscamente. Hoje, cerca de R$ 30 bilhões em propostas de investimento que podem não sair do papel.
Se a perspectiva é de continuidade dos curtaliments na geração, especialistas recomendam soluções na outra ponta, como estimular atividades econômicas que poderiam aproveitar essa energia limpa perdida. É o caso dos data centers que as big techs espalham pelo mundo estimuladas pela alta demanda de processamento (e energia) dos sistemas de inteligência artificial (IA) e que já têm incentivos do governo.
Outra intervenção na demanda citada seria um programa de incentivo do uso de energia durante as manhãs, quando a demanda é menor poderiam contar com medidores inteligentes para aplicar descontos.
Outra saída é a introdução das novas tecnologias de armazenamento de energia com sistemas de grandes baterias. A energia gerada em excesso em alguns horários do dia e que poderia ser usada em outro momento. No entanto, o governo ainda trabalha na regulação e formatação dos primeiros leilões dessa modalidade.
Foto: Eolica-Paula-FroesGOVBA



