A infância é a fase da vida onde acontece nossas primeiras experiências com o mundo. Aprendemos a reconhecer nossos pais, nossa família, o espaço no qual estamos inseridos, aprendemos a interagir com nossas emoções e com as normas de convívio social. Mas, é também na infância onde vão acontecer nossos primeiros traumas, que marcarão nossa forma de experimentar a vida.
Esses traumas podem trazer prejuízos psicológicos que podem perdurar até a vida adulta, manifestados através do medo, da insegurança, da ansiedade, baixa autoestima, agressividade, introspecção exacerbada, depressão e de variados tipos de comorbidades que impactarão diretamente as relações cotidianas da pessoa afetada, seja no âmbito social, laboral, familiar ou afetivo.
A importância do olhar apurado para a infância foi abordada durante o XII Encontro Americano de Psicanálise de Orientação Lacaniana (ENAPOL), que teve como tema “Falar com a criança” e reuniu psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e terapeutas da Clínica Holiste durante o último final de semana (6 e 7), em Belo Horizonte, juntamente com especialistas da área de saúde mental da América Latina.
De acordo com o psicólogo Cláudio Melo, que esteve presente no encontro, ao concentrar-se na criança, o ENAPOL traz de volta o essencial do ensino freudiano, que revolucionou a psicopatologia definitivamente, destacando a importância da infância como o período em que nossos traumas e adoecimentos psíquicos se manifestam pela primeira vez e podem influenciar nossa vida adulta, sintomas e fantasmas.
“Longe de se restringir à fala, a psicanálise a utiliza de forma privilegiada para alcançar o que há de mais íntimo e singular da criança em cada sujeito e do que ressoa através das palavras dos afetos e dos efeitos no corpo. Esse foi um dos eixos centrais que atravessou o encontro. Este evento atualiza a perspectiva da psicanálise em um mundo em constante mudança, ao mesmo tempo em que reforça os ensinamentos que herdamos de Freud e Lacan. A Holiste esteve muito bem representada por alguns de seus profissionais, reavivando as bases psicanalíticas que norteiam sua prática desde a sua fundação”, salientou Melo.
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