A retirada de uma cobra jiboia de uma árvore localizada no Condomínio Recanto das Mangueiras, na Estrada das Barreiras, bairro do Cabula, na última quarta-feira (10), chama atenção para o importante trabalho realizado pelo Grupo Especial de Proteção Ambiental (Gepa), unidade vinculada à Guarda Civil Municipal (GCM). Salvador é uma das poucas cidades do Brasil que possui um grupo especializado, ligado ao poder público municipal, que realiza resgate de animais silvestres, ações de conscientização sobre o meio ambiente e também atua como órgão fiscalizador e de pesquisa, em parceria com outras instituições estaduais e federais.
De janeiro a agosto deste ano, o Gepa já resultou no resgate de quase 5 mil animais silvestres, número 31% maior, se comparado ao mesmo período de 2024. O chamado para retirada do réptil da árvore, na noite da última quarta, foi realizado pelo técnico de enfermagem Alisson Fiuza de Andrade, 45 anos, residente do local há quatro anos.
Ele relembra que a presença da cobra em uma vegetação muito próxima ao Edifício Cactus deixou os moradores bastante assustados. “Ficamos com medo, tinham crianças brincando e o animal estava muito perto das janelas”, relata. Após o resgate, Andrade fez questão de elogiar o serviço prestado pelo grupamento, ressaltando a qualidade desde o momento em que estabeleceu contato telefônico para informar sobre a presença do animal.
“Atendimento de excelência, rápido e muito técnico, sem contar que os guardas foram muito atenciosos. A equipe que me atendeu pelo telefone também. Responderam a chamada, fizeram perguntas técnicas e solicitaram foto do local. Todos muito profissionais e cuidadosos”, descreveu Fiuza.
De acordo com o Gepa, dos quase 5 mil resgates, a maioria dos casos envolve invertebrados (4.150). No entanto, também foram resgatados 70 serpentes, 90 mamíferos, 59 répteis, 73 aves e 186 animais marinhos.
Aparecem entre as espécies mais comuns encontradas tartarugas marinhas, sariguês, jiboias, jabutis, saguis, corujas e gaviões. O número de resgates deste ano já supera o balanço do mesmo período de 2024. A Via Parafuso, na Região Metropolitana, concentra quase todos os registros (4.147). Outras áreas com maior incidência são Itapuã/Ipitanga (236), Barra/Pituba (90) e Centro/Brotas (38). Em 2024, o número de ocorrências já havia disparado: crescimento de 174% em relação a 2023.
O coordenador do Grupo Especial de Proteção Ambiental, Robson Pires, chama atenção para o aumento do número de aparecimento de espécies silvestres em áreas comunitárias. “É um reflexo direto da expansão urbana. Animais buscam alimento e abrigo nas cidades e, infelizmente, acabam em risco. Nossa equipe do Gepa trabalha para garantir a segurança tanto desses animais quanto da população. Por isso, faço um apelo: ao encontrar um animal silvestre, não tente resgatá-lo por conta própria. A atitude mais segura é acionar nossos canais oficiais”, alerta.
Como acionar – O Gepa pode ser acionado através dos telefones (71) 3202-5323 e (71) 3202-5343. Os resgates seguem protocolos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).
Após triagem, os animais são encaminhados para instituições como o Núcleo de Ofiologia para Animais Peçonhentos da Universidade Federal da Bahia (Noap/Ufba), o Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), o Projeto Tamar ou o Instituto Mamíferos Aquáticos, variando de acordo com a espécie. “Somos treinadas para o manejo seguro e o encaminhamento dos animais para reabilitação em locais especializados. A colaboração de todos é fundamental. Juntos, conseguimos proteger a nossa fauna e o nosso ambiente”, reforçou o coordenador do Gepa, Robson Pires.
Foto: Lucas Moura/ Secom PMS