A cidade de Ponto Novo, localizada no Norte da Bahia, nasceu da construção de uma ponte sobre o Rio Itapicuru-Açu. Hoje, novas pontes continuam sendo erguidas na região. Desta vez, pela educação, que abre caminhos para o futuro de seus jovens. Alunos do Colégio Estadual de Tempo Integral Nelson Maia levaram, no início do mês de setembro, quatro projetos de iniciação científica até Assunção, no Paraguai, durante o Encontro Sudamericano de Ciencias y Tecnologías, e mostraram como o conhecimento pode transformar realidades e aproximar culturas.
Entre os trabalhos apresentados está o “Purificaê”, desenvolvido pelos estudantes Gustavo Maia da Silva e Nayanna Santos Venancio, sob a orientação dos professores Diego Palmeira e Luana Moura. O projeto alia saberes populares da Caatinga ao rigor científico, resultando em um sabonete artesanal sustentável à base de plantas medicinais e argila do local. Para Diego, a trajetória dos estudantes vai além da pesquisa. “Eles se tornaram cidadãos mais conscientes, confiantes e preparados para o futuro, mostrando que a ciência é também uma ponte de oportunidades”.
Outro destaque foi o estudo “Medicina ancestral na tradição viva do Sertão da Bahia”, conduzido por Maria Eduarda Cerqueira e Natanael Araújo. Orientados pela professora Luana Moura, eles investigaram a base científica de práticas medicinais tradicionais do Território Piemonte do Itapicuru. Para Luana, a experiência representou muito mais que uma conquista acadêmica. “Nossos estudantes ampliaram horizontes, compartilharam conhecimentos e fortaleceram sua identidade cultural em um ambiente de diversidade e diálogo”.
Identidade e valorização cultural
Na área da Literatura, os estudantes Ana Clara e Mário Cléber conquistaram o segundo lugar com o projeto “Propostas decoloniais no ensino de literatura na escola”, orientados pela professora Raquel Cardoso. “Foi maravilhoso ver nossos alunos defendendo algo tão nosso. Estar ao lado deles incentivando sonhos e construindo uma nova história é a realização de um propósito coletivo”, disse a professora. Já Alessandra dos Santos e Raquel de Jesus, com orientação de Noêmia Cruz, apresentaram o projeto “Jogo de dentro, jogo de fora”, inspirado no bloco afro Ilê Ayê e voltado ao protagonismo da juventude negra.
Para os estudantes, a vivência internacional foi transformadora. “Participar do congresso mostrou que a educação vai além da sala de aula. É troca, cultura e transformação”, disse Natanael. Já Maria Eduarda afirmou que a experiência lhe deu voz e reforçou o orgulho de suas raízes. Além de Ponto Novo, escolas de Salvador, Campo Formoso e Araci participaram do encontro, apresentando projetos inovadores que reforçam a força da educação pública baiana.
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
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