quinta, 04 de setembro de 2025
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TRAMA GOLPISTA: PESQUISAS MOSTRAM RESISTÊNCIA DA POPULAÇÃO À ANISTIA

João Paulo - 04/09/2025 08:00 - Atualizado 04/09/2025

Mobilizada por bolsonaristas no Congresso e nas redes sociais, uma eventual anistia a envolvidos em atos golpistas é rejeitada pela maior parte da população brasileira, mostram as mais recentes pesquisas de opinião sobre o tema. Mesmo com articulações que voltaram a ser discutidas pelo Legislativo nesta semana, a proposta de livrar condenados pelos ataques antidemocráticos do 8 de Janeiro e os envolvidos na trama alvo do julgamento em curso na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) não encontra respaldo fora da bolha de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O levantamento mais recente sobre a pauta — feito pelo Datafolha e divulgado no mês passado — mostra que a maioria dos eleitores (55%) é contra anistiar envolvidos nos atos golpistas. Apesar de essa ser a posição de mais da metade dos brasileiros, o índice de rejeição à proposta já havia alcançado a máxima de 63% em março do ano passado, mas recuou a partir do mês seguinte, após o início do julgamento da cabeleira Débora Rodrigues dos Santos, conhecida por pichar a escultura “A Justiça”, localizada em frente ao prédio do STF. Ela foi condenada a 14 anos de prisão em abril por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. O caso tem sido usado por bolsonaristas para criticar a extensão das penas daqueles que participaram das depredações das sedes dos Três Poderes.

Apesar da campanha, a maioria dos brasileiros defende as penas aplicadas aos condenados pelo 8 de Janeiro ou diz que as punições deveriam ser ainda maiores — ainda segundo o Datafolha, os dois grupos somam, respectivamente, 34% e 25%. Já 36% acreditavam na última pesquisa que elas deveriam ser menores.

No mesmo período, um levantamento feito da Genial/Quaest mostrou que 56% dos entrevistados defendiam que os envolvidos nas invasões antidemocráticas deveriam continuar presos e cumprir suas penas, enquanto 18% disseram que eles nem deveriam ter sido detidos e outros 16% defendiam que os acusados poderiam ser sido soltos por estarem na prisão “por tempo demais”.

Ainda que desaprovada pela maioria, a articulação pela pauta voltou a avançar nesta semana com a atuação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi a Brasília com a intenção de destravar a discussão no Congresso. A movimentação foi apoiada por aliados de Bolsonaro, que geraram 61% das cerca das 849 mil menções favoráveis ao tema no X, mostra um levantamento feito pela consultoria Bites.

— A anistia sempre foi uma pauta muito mais bolsonarista. Fora desse grupo, a atenção está voltada nesta semana, principalmente, ao julgamento e à possibilidade de condenação do ex-presidente. Já no Congresso, o tema não mobiliza tanto o centro, ficando restrito também aos bolsonaristas e aos governistas, que ainda têm dificuldade de mobilizar suas bases contra essa discussão — explica o diretor-adjunto da Bites, André Eler.

Entre os que se manifestaram sobre o assunto, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), porém, postou em seu perfil que a proposta já teria o apoio da maioria dos parlamentares, somando as bancadas que seriam favoráveis à proposição. “Queria agradecer aos líderes dos partidos PSD, Republicanos, União, PP, Novo e PL”, escreveu. Leitura semelhante foi feita pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que reconheceu um aumento no número de representantes de partidos que pressionam para que a proposta seja discutida após o dia 12, data final do julgamento de Bolsonaro e demais réus do núcleo crucial da trama golpista. (O Globo)

Foto: Reprodução/Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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