Difícil de ver um projeto liderado pela iniciativa privada para o desenvolvimento regional como o Projeto Macaúba. Volto a escrever sobre o assunto convicto de que se faz necessário ressaltar a sua importância para o desenvolvimento econômico e social da Bahia com o desejo de vê-lo progredir com sucesso e de ser repetido para outras regiões nordestinas de forma igual ou semelhante. O Projeto Macaúba tem grande importância para o desenvolvimento por diversas razões, que se inter-relacionam e produzem benefícios econômicos, sociais e ambientais para a região. Neste artigo procuro identificar os principais pontos de relevo, num ensaio que não deve se encerrar aqui, mais aguçar mais atenção dos governantes e investidores privados.
O projeto promove a exploração sustentável dos recursos naturais locais, em especial a macaúba e outros produtos da palmeira, gerando novas oportunidades de negócio para produtores rurais e empreendedores. Por ser capaz de gerar renda em bom volume deve ser cuidado para que ela seja bem distribuída, promovendo, de fato, o desenvolvimento. Isso porque, com a criação de cadeias produtivas locais, há incentivo para o surgimento de novas empresas e cooperativas, o que ajuda a diversificar a economia regional. A geração de empregos, tanto diretos no manejo e processamento dos produtos, quanto indiretos em setores de apoio, fortalece a economia local e reduz a migração para grandes centros urbanos.
O projeto enfatiza práticas de manejo sustentável, promovendo técnicas de cultivo e colheita que preservam o ecossistema, contribuindo para a conservação ambiental da região. Além do mais, ao incentivar o uso racional dos recursos naturais, o projeto ajuda a combater a degradação ambiental e estimula o desenvolvimento ecológico, integrando a economia ao cuidado com o meio ambiente.
O Projeto Macaúba estimula a participação ativa de comunidades locais, tendo tudo para envolver pequenos produtores e trabalhadores rurais em processos produtivos e na gestão do projeto. A transferência de conhecimento por meio de capacitação técnica e a oferta de cursos de manejo sustentável, como anunciam seus investidores, demonstram o compromisso com o desenvolvimento humano e redução das desigualdades regionais.
Ao explorar produtos típicos da região, como os derivados da macaúba, o projeto reforça a identidade cultural e a valorização dos saberes tradicionais, contribuindo para o fortalecimento da agricultura familiar e de práticas agroecológicas na Bahia. Esse enfoque pode estimular a diversificação agrícola e a inovação tecnológica no manejo dos recursos naturais. No passado, usando processo semelhante, a Bahia produziu óleo e pó de palha de Ouricuri, outra palmeira nativa do semiárido e que ainda adorna os pastos e caatingas.
A integração entre produtores, processadores, pesquisadores e órgãos governamentais facilita a criação de políticas públicas mais eficientes para o desenvolvimento sustentável da região. A formalização e o acesso a novos mercados possibilitam a ampliação das redes de comercialização dos produtos, agregando valor e promovendo a competitividade dos produtos regionais no mercado. O objetivo de usar a produção do óleo para alimentar as fábricas de diesel verde e de combustível para aviação garante mercado sem limites e representa um marco na substituição de combustíveis de origem fóssil, o que reduz substancialmente as emissões de poluidores atmosféricos.
Pode-se afirmar com certeza que o Projeto Macaúba representa um exemplo de como iniciativas baseadas na sustentabilidade e na valorização dos recursos locais podem transformar regiões, promovendo um desenvolvimento regional integrado e equilibrado. A combinação de crescimento econômico, inclusão social e preservação ambiental faz desse projeto uma ferramenta estratégica para o fortalecimento da economia e da qualidade de vida nas comunidades da Bahia.
Contudo, não se pode deixar de ressaltar a importância de inclusão dos pequenos proprietários de terra, de não se perder a chance de incluir de forma permanente as famílias, mesmo que tal procedimento possa parecer oneroso num primeiro instante. O projeto falharia por completo, como outros aqui implantados, se ele não for inclusivo, se deixar de considerar como mais importante a valorização do homem do campo. Não se pode deixar de analisar a importância desse aspecto, senão ele correrá o risco de fracassar, como outros que enriqueceram ainda mais poucos, em lugar de distribuir a riqueza para muitos.
Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.)